Justiça inicia julgamento de policial acusado de transfeminicídio em Manaus


03 de junho de 2024
Justiça inicia julgamento de policial acusado de transfeminicídio em Manaus
Policial Militar Jaime acusado de assassinar Manuella Otto, ao fundo da composição (Composição/Wesley dos Santos)
Carol Veras – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – A Justiça do Amazonas (TJAM) iniciou o julgamento do cabo da Polícia Militar Jeremias Costa Silva nesta segunda-feira, 3, em júri popular. O policial militar é acusado de assassinar Manuella Otto, atriz e defensora dos direitos de travestis e transgêneros do Amazonas.

O crime ocorreu em fevereiro de 2021, no motel Minha Pousada, localizado no bairro Monte das Oliveiras, zona Norte de Manaus. A vítima foi assassinada com um tiro na lombar. O juiz James Oliveira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, preside o julgamento.

O assassinato da jovem de 25 anos é resultado de uma discussão, progredindo para agressões físicas. Após funcionários do estabelecimento descobrirem Manuella morta, as autoridades policiais foram acionadas. O acusado tentou fugir do local e foi flagrado por câmeras de segurança. O policial militar se apresentou para esclarecimentos na noite seguinte, acompanhado de uma advogada.

Jeremias no momento da fuga (Reprodução/Redes Sociais)

O caso causou comoção nas redes sociais. “Até quando [acontecerá] esse tipo de coisa?”, questiona uma internauta da comunidade LGBTQIAPN+ na rede social X.

Postagem nas redes sociais em protesto pelo assassinato de “Manu” (Reprodução/Redes Sociais)
Violência contra pessoas transgênero no Amazonas

No ano de 2023, registrou-se um total de 155 mortes envolvendo pessoas transgênero no Brasil. O Estado do Amazonas está entre os dez estados com maior incidência de homicídios contra pessoas trans no País, ocupando a 9º posição, com 38 assassinatos.

Esses dados foram apresentados na 7ª edição do Dossiê sobre Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2023, elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra). O dossiê foi divulgado no Ministério dos Direitos Humanos em 29 de janeiro de 2024, como parte das comemorações dos 20 anos do Dia da Visibilidade Trans.

Uma das marcas que o preconceito deixou no Estado foi o assassinato da indígena Sateré-Mawé transgênero, Jéssica Hadassa. Ela foi morta a tiros em dezembro de 2023, após ter a foto divulgada em grupos de mensagens como suspeita de ter estuprado uma criança de cinco anos, em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus).

A vítima pertencia ao território ancestral da Calha do Rio Uaicurapá, na zona rural. Em nota publicada nas redes sociais, a entidade também pede providências e respostas à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e ao Ministério dos Povos Indígenas, além da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) que atua na cidade.

A mulher trans e indígena Jéssica Hadassa (Reprodução/Redes Sociais)
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Editado por Adrisa De Góes

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