O ato está previsto para iniciar às 11h, em frente à Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) localizada na Avenida Autaz Mirim, bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus. Um dos principais objetivos da ação pede celeridade nas investigações quanto ao caso e tenta fazer com que a morte de Camila não seja apenas mais um caso de pessoa LGBTQIA+ assassinada a cair no esquecimento e na impunidade.
“Estamos articulando a entrega de um abaixo assinado com o nome de pessoas do movimento LGBTQIA+, amigos e familiares de Camila Ferraz. A ideia é, justamente, pressionar os órgãos competentes. E também estamos fazendo vídeos em redes sociais, pois, enquanto cidadãs que somos, nos cabe cobrar, afirma Melissa Castro, integrante do movimento trans em Manaus.
A reportagem da CENARIUM entrou em contato com a Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros para apurar atualizações sobre o caso, mas até a publicação desta matéria não obteve respostas.
Subnotificações
A presidente da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (Assotram), Joyce Alves, conta que o ato vai contra as impunidades ocorridas em relação à violência e assassinatos contra a população LGBTQIA+ no Estado. A presidente ressalta que a subnotificação é uma realidade na região e precisa ser modificada com “urgência”.
“Quando se trabalha a questão dos assassinatos contra as pessoas trans e LGBTQIA+, aqui na Região Norte, além da negligência para com o tratamento dos casos, temos a subnotificação. Essa iniciativa vem para evidenciar e pedir que as autoridades tomem uma atitude mais eficaz em relação aos crimes que envolvem a comunidade. Os assassinatos são quase sempre com requintes de crueldade e parece que se sentem muito livres em ceifar nossas vidas”, destaca Joyce.
Entre o período de março de 2020 e março de 2021, mais de 22,3 mil crimes contra a população LGBTQIA+ foram registrados (SSP-AM) (Reprodução/Divulgação)
Sobre o crime
De acordo com a perícia, o corpo de Camila Ferraz, 44 anos, apresentava escoriações ao longo do tronco, indicações de que a vítima tenha sido arrastada até as margens do igarapé.
Além das marcas no corpo, a vítima teve afundamento no crânio, por conta de possíveis pedradas que teria recebido, deixando, no local, diversos trechos com marcas de sangue. No relatório do Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte consta como asfixia mecânica, afogamento e agressão física.
Entre o período de março de 2020 e março de 2021, mais de 22,3 mil crimes contra a população LGBTQIA+ foram registrados pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). O dossiê ‘Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras’ aponta que em 2021 foram 140 assassinatos de pessoas trans registrados no País. E,135 tiveram como vítimas travestis e mulheres transexuais e cinco vitimaram homens trans e pessoas transmasculinas.
Neste mês de maio, o“Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTQIA+ no Brasil” aponta que, somente em 2021, 316 pessoas LGBTQIA+ foram mortas de forma violenta no Brasil. Segundo a análise, a taxa de mortalidade teve um aumento de 33,33%, ano passado, se comparada ao ano de 2020, quando o total de mortes LGBTQIA+, registrado pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIA+, foi de 237.
Conforme o relatório, a cada 27 horas, um LGBTQIA+ foi assassinado, no País, ano passado. A publicação também informa um percentual que identifica os variados tipos de violência contra a população LGBTQIA+. No quesito homicídios, os 262 casos registrados representam 82,91% do total; já no que refere aos latrocínios, os 23 casos correspondem a 7,28% do apontado. Caso unidos, homicídios e latrocínios somam 90,19% das mortes violentas.
No Amazonas, em 2022, pelo menos cinco crimes contra pessoas LGBTQIA+ foram registrados. De acordo com o Mapa da Violência, produzido pelo Observatório Trans, dois homicídios foram registrados, em Manaus, e uma tentativa foi catalogada em Iranduba, zona metropolitana da capital. Os outros dois homicídios aconteceram no Pará e um em Roraima, em 2022.
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