‘Lamento, mas acontece todo dia’, diz Damares em primeiro pronunciamento sobre estupro de menina Yanomami


06 de maio de 2022
‘Lamento, mas acontece todo dia’, diz Damares em primeiro pronunciamento sobre estupro de menina Yanomami
A declaração é da ministra Damares Alves (Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves se pronunciou pela primeira vez sobre o estupro da adolescente Yanomami de 12 anos, ocorrido no último dia 25, na região do Waikás, em Roraima.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Ianomâmi e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, relatou o crime aos órgãos federais que foram ao local e que informaram “não encontrar indícios de crimes contra mulheres e crianças na Terra Indígena Yanomami”.

Em entrevista ao site Universa, do portal UOL, Damares falou sobre a atuação enquanto estava no ministério. Ela afirma que somente nos anos em que esteve à frente da pasta, a causa indígena, no que diz respeito à violência sexual contra crianças, foi levantada. “Quando acontecem casos como esses, as pessoas querem muito que a Damares se manifeste. Mas veja só: fui eu que falei sobre o estupro de crianças, inclusive estupro coletivo de crianças em áreas indígenas até mesmo em forma de ritual. Fui eu que levantei, no Brasil, lá atrás, em forma de debate, sobre a cultura nociva em alguns povos no Brasil”.

Ao ser perguntada sobre o caso dos Yanomami, que vem repercutindo há dias, Damares relembrou o caso da menina de 11 anos, da etnia Guarani Kaiowá, vítima de estupro coletivo e que foi arremessada de um penhasco de 20 metros, localizado no município de Dourados, em Minas Gerais. “O estupro dessa menina nos chocou como nos chocou o estupro da menininha lá entre os Guarani Kaiowá. Infelizmente, esse não é um caso isolado e a gente tem que se levantar como um todo no enfrentamento à violência contra meninas e mulheres indígenas”, respondeu à repórter do UOL, Luiza Souto.

No caso da menina Yanomami de 12 anos, estuprada e morta por garimpeiros, Damares lembrou que o garimpo ilegal atua em áreas indígenas há mais de 70 anos, e que o caso ocorrido no dia 25 não é uma exceção. “Esse caso traz a questão do garimpo, mas quero lembrar que os garimpos estão em terras indígenas há mais de 70 anos, de forma irregular, e são muitas as violências. Esse caso dessa menina causou essa repercussão toda, e isso é muito bom porque a gente ainda vai conversar sobre violência sexual contra crianças indígenas. A gente não pode ser pautada por um só caso. Lamento, mas acontece todo dia”, conclui.

Silêncio de Damares

Damares estava sendo criticada nas redes sociais pela demora a se pronunciar sobre o caso da adolescente Yanomami, foram exatos dez dias para que ela então falasse. A ex-ministra, no entanto, esteve ativa nas redes sociais. Um dia após o caso Yanomami vir à tona, Damares ‘tweetou’ comemorando o ganho de novos seguidores, após a compra do Twitter por Elon Musk:

O aumento massivo de seguidores nos perfis de apoiadores do presidente Bolsonaro é resultado da mudança das políticas do Twitter, mas a pesquisa, levantada pelo Bot Sentinel, a pedido do Congresso em Foco, aponta que 67,4% do total de novos seguidores de bolsonaristas são de contas consideradas não autênticas, ou robôs.

Polêmica do sequestro

A ex-ministra, que agora pleiteia uma cadeira no Senado, já se envolveu em outras polêmicas com indígenas. No ano de 2019, a revista “Época” revelou a história de Lulu Kamayurá, a índia criada como filha por Damares Alves desde os 6 anos de idade, quando foi retirada da aldeia. Segundo a reportagem, os indígenas disseram que Damares levou Lulu com o pretexto para fazer tratamento dentário, mas a criança nunca mais retornou à comunidade. A ex-ministra chegou a procurar a reportagem para esclarecer a adoção de Lulu, mas segundo a revista, respondeu parcialmente as 14 perguntas enviadas, e ignorou a pergunta sobre adoção irregular.

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