Livro sobre o sistema político brasileiro destaca relação entre ataques à imprensa e movimentos golpistas
24 de novembro de 2022
Livro de Roberto Livianu traz a reflexão do papel da imprensa na defesa dos direitos democráticos (Divulgação)
Alita Falcão – Revista Cenarium
MANAUS – “Uma fase antecedente da tentativa de golpe é a desmoralização dos meios de comunicação por meio de fake news”. A frase é do jornalista, escritor e presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, que é um dos autores do livro “200 anos de Independência do Brasil: das margens do Ipiranga às margens da sociedade”.
A obra é uma iniciativa do presidente do Instituto Não Aceito Corrupção (Inac) e procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Roberto Livianu, em parceria com o Ministério Público Democrático e a editora Quartier Latin, tendo como organizadora a professora de Ciência Política da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Rita Biason.
Nesta sexta-feira, 25, a publicação será lançada na capital amazonense, em evento no auditório do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM), localizado na zona Oeste. O lançamento contará com uma mesa de debate formada por Livianu, pelo promotor de Justiça do Ministério Público de Roraima, professor e também autor do livro, Márcio Rosa da Silva, e pela professora e historiadora Etelvina Norma Garcia. O debate será mediado pela jornalista amazonense Paula Litaiff, diretora da REVISTA CENARIUM.
O livro “200 anos de Independência do Brasil: das margens do Ipiranga às margens da sociedade” será lançado em Manaus nesta sexta-feira, 25 (Divulgação)
No artigo “Meios de Comunicação: a Pedra no sapato dos poderosos”, que integra o livro de Livianu, Merval Pereira defende que a informação é o valor maior para a liberdade democrática e o jornalismo, seja em que plataforma se apresente, continua sendo o espaço público para a formação de um consenso em torno do projeto democrático.
“Não é por acaso que a censura aos meios de comunicação é sempre a primeira fase dos golpes de Estado (…) O jornalismo é afetado pela disseminação de supostos noticiários que não passam de propaganda política. Os blogueiros, que já foram financiados pelos governos petistas, agora são financiados pelo bolsonarismo e são objetos de investigações, as mais variadas, sempre devido à ação de colocar em risco as instituições democráticas”, explica.
A ditadura – que já imperou no Brasil entre os anos de 1964 a 1985, a partir do golpe militar – é considerada um regime antidemocrático porque o poder se concentra somente em uma pessoa ou entidade política, ao contrário do que acontece na democracia, onde o poder está em várias instâncias, como o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
É por isso que os atos que acontecem em todo País em frente aos quartéis, questionando o resultado da eleição presidencial e pedindo uma intervenção das Forças Armadas, são considerados antidemocráticos, conforme definiu, em decisão, o presidente do STF, Alexandre de Moraes.
Merval lembra que durante a ditadura militar no Brasil a imprensa foi submetida a uma rígida censura. Ele expõe que conforme o autoritarismo foi cedendo espaço para a liberdade de imprensa, aumentava também a abertura política no País.
“É justamente essa a atribuição da imprensa, fazer com que o Estado conheça as reivindicações de seus cidadãos, e com que esses saibam os projetos e desígnios do Estado”, afirma o jornalista.
‘Fake News’
O jornalista Merval Pereira faz uma reflexão sobre o papel da imprensa na defesa dos direitos democráticos no Brasil (Barbara Lopes/Agência O Globo)
Ainda em seu artigo, Merval Pereira fala sobre as mudanças na comunicação na era digital e o aumento da disseminação de notícias falsas, as chamadas ‘fake news’.
“A era digital deu voz a qualquer cidadão que queira participar do debate político, o que pode ser bom, mas abriu as portas do ‘inferno’ para aqueles que trabalham contra a democracia, elevou ao infinito a capacidade de espalhar boatos”, comenta.
Segundo ele, acabar com as fake news é uma tarefa de todos, não apenas dos jornalistas. “Esse é um fenômeno mundial, que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump levou ao extremo (…) O mesmo acontece no Brasil, onde a base da propaganda do Governo Bolsonaro são as fake news”, analisa.
Livro
No próximo dia 25 de novembro, a partir das 10h, será realizado o evento “Novos caminhos contra a corrupção”, no auditório do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM), localizado na Avenida Coronel Teixeira, Ponta Negra, zona Oeste da capital, onde será lançado o livro “200 anos de Independência do Brasil: das margens do Ipiranga às margens da sociedade”.
A publicação é uma coletânea de artigos críticos sobre os sistemas políticos que já imperaram no Brasil e seus impactos em diversas áreas da sociedade.
Coordenador da publicação, Roberto Livianu é procurador de Justiça do MP-SP e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção (Divulgação)
Nomes como o de Gonzalo Vecina, idealizador do SUS no Brasil; o ex-ministro da Educação Renato Janine; o ex-embaixador Rubens Barbosa; o jornalista e presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira; entre outros, assinam a publicação.
Além do lançamento do livro, durante a programação será feita a apresentação dos 12 trabalhos destacados no 3º Prêmio Inac, antes de dar início à mesa de debates sobre o tema da obra.
O evento também terá a presença do controlador-geral do Estado do Amazonas, Otávio de Souza Gomes, e do promotor de Justiça e chefe do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MPE-AM, João Gaspar Rodrigues.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.