Maior feira do agronegócio no Norte retorna depois de dois anos, com expectativa de gerar R$ 1 bilhão

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Com uma extensa programação e ações voltadas a enaltecer a atuação feminina na produção agropecuária, começou, nesta última segunda-feira, 23, a 9ª edição da Rondônia Rural Show Internacional, a maior feira voltada ao agronegócio na Região Norte do País. O evento ficou suspenso por dois anos, devido à pandemia de Covid-19, e retornou com a alta expectativa de superar todos os recordes de arrecadação. 

“Esta é a sétima maior feira do agro de todo o Brasil, e o Estado de Rondônia espera movimentar algo em torno de R$ 1 bilhão em negócios”, declarou o secretário de Estado da Agricultura, Evandro Padovani, em entrevista à REVISTA CENARIUM.

A feira

Pela primeira vez, o evento de agronegócio terá quase uma semana de duração: entre os dias 23 e 28 de maio, em Ji-Paraná, a 372 quilômetros da capital Porto Velho.

A expectativa é de reunir cerca de 600 expositores com espaços cedidos para comerciantes, vitrines tecnológicas, agroindústrias, artesãos e grandes empresas. Outro recorde que a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri/RO) pretende quebrar é o de público, pois, para este ano, são esperadas mais de 200 mil pessoas.

Para o titular da Seagri, em Rondônia, a feira é uma ótima oportunidade para a formalização de negócios, que devem atrair instituições públicas, empresas privadas, bancos e cooperativas de crédito, além dos produtores rurais.

“Rondônia vem, consecutivamente, crescendo em produção e ganhando em produtividade, melhorando a certificação de qualidade de seus produtos, além de possuir uma enorme diversidade de culturas. Aqui, nós temos leite, café, cacau, soja, milho e a carne, entre outros produtos. Além disso, das cerca de 140 mil propriedades rurais, 85% delas pertencem à agricultura familiar. É uma força muito expressiva que Rondônia tem no campo”, disse Padovani.

Ainda de acordo com o secretário, o valor bruto de produção agropecuária estadual mais que dobrou, nos últimos três anos, saltando de pouco mais de R$ 9 bilhões, em 2019, para R$ 20 bilhões, agora, em 2022. 

Feira internacional

Desde a primeira edição, a feira de agronegócio já movimentou mais de R$ 4 bilhões. Boa parte deste montante se deve à participação e investimentos de outros países; daí o nome de Rondônia Rural Show Internacional. 

Na edição deste ano participam, por exemplo, as embaixadas de países como Chile, Peru, Estados Unidos e muitos outros. Os negócios acontecem em um circuito de estandes específico para as tratativas. Dessa forma, os investidores conversam com representantes das empresas participantes e produtores locais, a fim de firmar parcerias e implementação de novas tecnologias para fomentar a produção rondoniense.

Mulheres do Agronegócio

A atuação feminina no crescimento do agronegócio de Rondônia é o tema central escolhido para a 9ª edição do evento. O objetivo é valorizar a participação delas, ainda pouco reconhecida no setor. E esse protagonismo virou tema de discussão em um Talk Show promovido durante a programação desta terça-feira, 24, segundo dia de evento. 

Participaram mulheres que trabalham como produtoras rurais, desempenhando papel fundamental nas cadeias produtivas de Rondônia. Esta foi uma das iniciativas estabelecidas para homenageá-las durante toda a RRS Internacional.

“Sou filha de uma produtora que criou cinco filhos com o trabalho da roça e sei da verdadeira importância da mulher produtora. A mulher precisa tomar à frente e ocupar o espaço que ela quiser”, contou, emocionada, a produtora rural do município de Buritis, Lair Ferreira, que participou da roda de conversa.

Lair está neste ramo há mais de duas décadas; ela na liderança e o marido dando apoio. “Hoje, temos tecnologia e muito conhecimento, ao nosso lado, para evoluir a cada dia. Tenho muito orgulho da produtora que me tornei”, acrescentou. 

Rondônia avança no assunto, mas ainda precisa melhorar o cenário, visto que de todos os empreendimentos rurais instalados no Estado, menos de 18% são liderados por mulheres, contra uma maioria esmagadora de 82,14% de propriedades gerenciadas por homens, segundo os dados da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RO).

Metas

Com os resultados já alcançados, o secretário Evandro Padovani não esconde satisfação. Por outro lado, reconhece que ainda há muito mais a ser feito.

“Nós temos 25 municípios na identificação geográfica do Café Robusta e estamos ganhando o mercado internacional, especialmente, o norte-americano e o Chinês (…) além dos 50 países para os quais Rondônia já exporta carne, nós estamos de olho no mercado Europeu. Em questão de rebanho bovino, o nosso é o sexto maior do Brasil, com mais de 15 milhões de cabeças e somos o quarto maior em exportação de carne desossada do País. Queremos ampliar nossa capacidade de produção e, para isso, temos quantidade e qualidade”, finalizou o titular Seagri/RO.