Mestra pela Ufam defende dissertação caracterizada como drag queen
01 de agosto de 2024

Carol Veras – Da Cenarium
MANAUS (AM) – A psicóloga Caní Jakson Alves defendeu o projeto de mestrado em Processos Psicossociais, com o tema “Intersecções Amazônidas: Uma etnografia da Comunidade Ballroom Manauara”, caracterizada como drag queen na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Também conhecida como Harmonya Dórémi, ela é uma liderança entre a comunidade Ballroom em Manaus e mãe da Casa ‘Jabutt’.
Ballroom é uma cultura nascida na década de 1970, em Nova York, criada principalmente por pessoas LGBTQIAPN+ negras e latinas. Ela envolve competições em que participantes desfilam e performam em diferentes categorias, que vão além de moda e dança. As “houses” são grupos que competem juntos, liderados por uma figura conhecida como “pai” ou “mãe”. O ballroom também inclui elementos de resistência e expressão de identidade, oferecendo um espaço seguro para comunidades marginalizadas.

Drag desde 2017, Harmonya ressalta dentro do espaço acadêmico que “a arte é um exemplo de resistência política”. A casa Jabutti, a qual lidera, por exemplo, nasceu com o objetivo de valorizar a cultura dos povos originários em Manaus. “Entendemos que nós, como comunidade, podemos enfrentar essas violências, e é através da ballroom e da arte que podemos fazê-lo”, defende a pesquisadora.
O trabalho foi avaliado pelas professoras Consuelena Lopes Leitão, Ioiete Ribeiro da Silva, Isabelle Brambilla, e defendido na Faculdade de Psicologia da Ufam, setor sul. Recentemente aprovada, Harmonya agora leva a pauta para a primeira turma de doutorado em Psicologia na instituição federal.

“Assim como os povos originários, pessoas negras e indígenas ao longo da história do país se organizavam em quilombos para enfrentar e sobreviver essas violências, a comunidade ballroom também se organiza nesse sentido. A gente entende que essa coletividade, onde pessoas até brancas, de classes populares, LGBTs, se juntam em família e se veem como um conjunto para que assim elas possam resistir a esses fenômenos de opressão e dominação”, expõe a mestra