Ministério da Economia diz que Censo de 2021 está cancelado por conta de orçamento


23 de abril de 2021
Ministério da Economia diz que Censo de 2021 está cancelado por conta de orçamento
De acordo com Rodrigues, o levantamento foi cancelado devido aos cortes realizados – a pesquisa perdeu 96% do orçamento, que foi reduzido de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões (Reprodução/IBGE)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – O Censo Demográfico de 2021 está cancelado. A confirmação foi feita pelo secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, nesta sexta-feira. “Não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021”, declarou o secretário em coletiva de imprensa sobre a sanção do Orçamento.

De acordo com Rodrigues, o levantamento foi cancelado devido aos cortes realizados – a pesquisa perdeu 96% do orçamento, que foi reduzido de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões.

“As razões do adiamento foram colocadas no momento em que o Censo não teve o recurso alocados no processo orçamentário. Novas decisões sobre alocação e realização do Censo serão comunicadas”, disse o secretário, que ressaltou que também serão ouvidas as orientações determinadas pelo Ministério da Saúde, em torno de questões sanitárias.

Secretário afasta risco de shutdown

Rodrigues ainda comentou sobre o nível de recursos para o governo gastar com custeio e investimentos ao longo de 2021. Segundo o secretário, o montante para despesas discricionárias é “mais recentemente um valor na ordem de R$ 87 bilhões”, frisando que é preciso somar o montante de quase R$ 17 bilhões em emendas que compõe esse tipo de gasto.

“Esse é um item de elevada atenção e foco, pela preocupação com a exequibilidade, o fato de o Orçamento ser exequível ao longo do ano. Entendemos que, neste momento, não corremos riscos de termos paradas em nenhum dos ministérios”, afirmou o secretário, afastando a possibilidade de um shutdown, a paralisação da máquina pública.

O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, estimou que o mínimo necessário para rodar a máquina pública, em um cenário que desconsidera uma crise como a provocada pela pandemia da Covid-19, é de R$ 65 bilhões.

O risco de paralisação da máquina pública já havia sido alertado por vários economistas, como o pesquisador do Insper Marcos Mendes. Como o GLOBO mostrou, Mendes fez um alerta de que o acordo do governo com o Congresso para a sanção do Orçamento era insuficiente para compensar o buraco e que a negociação aumentava o risco de shutdown, justamente por jogar parte do ajuste fiscal sobre as despesas não obrigatórias para preservar emendas.

Cortes provocaram troca no comando do IBGE

A redução no orçamento da pesquisa já havia provocado mudanças no Instituto Brasileiro de Georgrafia e Estatística (IBGE), responsável por conduzir o Censo.

Susana Guerra, que comandada o instituto, alegou motivos pessoais e  pediu demissão  um dia depois de o Congresso ter reduzido a verba do Censo a R$ 71 milhões. Ela foi substituída por Eduardo Rios Neto, economista e demógrafo que era diretor de pesquisas do IBGE.

Antes disso, o IBGE cancelou a prova para contratar os cerca de 200 mil recenseadores e agentes necessários para visitar os mais de 70 milhões de domicílios brasileiros.

Susana e Rios Neto publicaram artigo no GLOBO defendendo a realização do Censo. “Além de ser um instrumento fundamental para o pacto federativo e a calibragem da democracia representativa, a contagem da população permite a determinação dos públicos-alvo de todas as políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal”, escreveram.

O ponto é corroborado por especialistas, que alertam para o risco de um apagão estatístico diante da mais grave crise sanitária mundial do século. A defasagem do Censo, que já dura onze anos, dizem especialistas, pode minar políticas públicas para os próximos anos.

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