Mortes no Jacarezinho: presos dizem que foram obrigados pela polícia a levar corpos para o caveirão

Defensora pública diz que relatos feitos em audiência de custódia comprovam que cena do crime foi desfeita (Domingos Peixoto/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

RIO DE JANEIRO – No fim da tarde deste sábado, quatro dos seis presos na Operação do Jacarezinho, ouvidos em audiência de custódia, contaram que foram obrigados “a carregar corpos para o caveirão”. Segundo a coordenadora do Núcleo de Audiências de Custódia da Defensoria Pública, Mariana Castro, os acusados afirmaram que nenhum deles estava vivo, o que comprova que a cena de crime foi desfeita. Ela contou também que os presos relataram que foram agredidos com socos e chutes e que só não morreram porque foram detidos na presença de familiares. A Justiça manteve a prisão dos seis suspeitos.

“O fato de carregarem corpos para o caveirão configura tortura psicológica. Não consta que nenhum dos presos ouvidos portava arma. Dos quatro defendidos pela Defensoria Pública, três tinham mandados de prisão contra eles. Em alguns casos, a polícia informou que havia entorpecentes em seu poder, no entanto, o material não foi lacrado, como determina a lei. Houve uma quebra na cadeia de custódia”, argumenta a defensora pública Mariana Castro.

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Segundo ela, os próprios peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) da Polícia Civil deixaram claro em seus laudos que não havia lacre no material.

“Foram entregues sacos plásticos com entorpecentes sem qualquer tipo de identificação e sem lacres. Outra coisa que chamou atenção foi que, no momento do exame de corpo de delito, policiais que efetuaram as prisões não saíram da sala, o que fez com que eles não contassem os detalhes sobre as agressões”.

A Defesoria Pública vai definir qual a estratégia de defesa que irá adotar.

“Na minha carreira nunca vi tantas violações de direitos humanos de grau tão elevado. Os presos fizeram relatos de horror”.

Procurada, a Secretaria de Estado de Polícia Civil informa, em nota, que “a versão dos criminosos presos será apurada na investigação”.

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