MPF defende protagonismo dos povos originários na luta pelos direitos das comunidades tradicionais


07 de abril de 2022
MPF defende protagonismo dos povos originários na luta pelos direitos das comunidades tradicionais
Em visita ao Acampamento Terra Livre, o órgão ressaltou a importância de indígenas ocuparem espaços de poder na sociedade (Leonardo Prado/Secom/MPF)

Com informações da assessoria

MANAUS – Membros do Ministério Público Federal com atuação na Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR/MPF) estiveram, nessa quarta-feira, 6, no 18° Acampamento Terra Livre (ATL), evento anual organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”, o encontro tem o objetivo de promover a articulação entre lideranças de todo País para debater pautas como a paralisação das demarcações das terras, o enfraquecimento das instituições e políticas públicas indigenistas e a tese do Marco Temporal no Judiciário, entre outros assuntos.

Durante sua participação, a coordenadora da 6CCR, Eliana Torelly, defendeu o protagonismo indígena na luta pelos direitos das comunidades tradicionais e enfatizou a importância de eles ocuparem espaços de poder na sociedade. A subprocuradora-geral da República afirmou que o papel do MPF, no evento, é de ouvir e aprender com os povos originários, pois a interação com as diversas comunidades indígenas é essencial para compreender suas lutas e reivindicações.

Torelly pontuou que atos públicos e reivindicações promovidas por organizações não governamentais, órgãos públicos e outras entidades defensoras da causa indígena, apesar de válidos e importantes, não possuem a mesma legitimidade que a mobilização dos próprios indígenas. Segundo ela, vivências e costumes passados de geração em geração representam a identidade desses povos, não sendo possível para quem está de fora ter o mesmo entendimento. “É algo que nós não temos, então, os indígenas conhecem as próprias necessidades melhor do que nós”, disse.

O tom do discurso foi acompanhado pelo procurador regional da República Felício Pontes, que chamou a atenção para o fato de os indígenas estarem, cada vez mais, ocupando espaços públicos importantes na sociedade brasileira. Pontes elogiou a atuação do coordenador jurídico da Apib, Eloy Terena, no Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que nem mesmo a melhor petição feita pelo Ministério Público alcançaria a qualidade, o detalhamento e a profundidade daquela feita por um advogado indígena. “Por melhor empenho que a gente pudesse ter, jamais conseguiríamos o mesmo efeito de um advogado indígena defendendo os direitos indígenas”, destacou.

ADPF 709

Também presente no evento, a procuradora da República Márcia Brandão Zollinger relembrou os recentes avanços das comunidades tradicionais, em especial as vitórias conquistadas perante o STF, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709. A procuradora destacou que, por meio da ação ajuizada pela Apib, foram barradas, por exemplo, iniciativas da Funai que proibiam a autoidentificação dos povos indígenas e impediam a prestação de serviços públicos a residentes em Terras Indígenas não homologadas. Segundo Zollinger, tal limitação não faz nenhum sentido, já que, atualmente, existem mais de 170 terras em processo de demarcação e outras centenas que ainda não foram qualificadas pela Funai.

O Acampamento Terra Livre segue em Brasília até o dia 14 de abril. Durante esse período, o MPF receberá diversas lideranças e comunidades para debater questões relacionadas aos direitos indígenas.

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