Mundo assiste em silêncio à guerra contra mulheres

Eu sempre tenho algo diferente em mente para o meu próximo artigo. Falo para mim mesma que não falarei mais sobre violência doméstica, feminicídio. Mas a nossa realidade é muito cruel, o mundo nos odeia e eu não posso deixar essa barbárie ser normalizada.

O patriarcado existe há séculos, meninas e mulheres são mortas, anuladas, expostas e estupradas há décadas, isso ocorre ao longo da história em praticamente todos os países ditos civilizados e dotados dos mais diferentes regimes políticos.

Como já foi dito, a violência contra a mulher não é um fenômeno recente, as desigualdades entre homens e mulheres datam de milênios.

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A história da mulher é uma luta contra a opressão, desde quando o sistema patriarcal se instalou, há 5 mil anos, as mulheres sofrem constrangimento social e familiar. Nós fomos durante toda a história do mundo usadas e escravizadas pelos homens para o seu prazer.

Os dados que temos sobre violência contra as mulheres aqui em nosso País são assustadores. A ONU e até o Papa já demonstraram preocupação em relação a isso. Eu coloco sempre esses dados em meus artigos, porque não podemos nos acostumar com tamanha barbárie, não podemos.

Nosso País é o quinto no mundo que mais mata mulheres de forma violenta, somos o quinto no planeta em taxa de feminicídio. A cada hora, mais de 500 mulheres são agredidas, a cada 8 minutos uma é estuprada, e a cada 9 horas uma é morta só pelo seu gênero.

É impossível como mulher, como ser humano, acharmos isso normal e conviver com tamanha violência sem que haja revolta e indignação.

Homens usam seus espaços de poder conquistados durante séculos, para oprimir e abusar de mulheres.

Quando um homem encontra uma mulher em situação de vulnerabilidade ele não coloca comida em sua boca, ele põe seu pênis.

Meninas se prostituem na Amazônia, nas BRs, em troca de uma refeição. Garotas se prostituem no nordeste pelo mesmo motivo. Mulheres em diferentes lugares de nosso país vendem seu corpo por comida, e muitos homens se aproveitam disso, se beneficiam, na verdade eles mantém esse sistema misógino e cruel funcionando.

No Afeganistão soldados americanos trocavam água mineral e biscoitos em troca de sexo oral com as meninas afegãs em zona de guerra. Eles utilizavam sua posição privilegiada para oprimir e abusar de garotas.

Nesses 20 anos de ocupação dos soldados americanos não houve avanço nenhum em relação aos direitos femininos, todos nós sabemos que os EUA instrumentalizam os direitos das mulheres.

Recentemente uma menina indígena sofreu estupro coletivo em uma aldeia e seu corpo foi jogado de um penhasco, até um tio dela participou desse ato tão macabro.

Esse caso hediondo só comprova como em todo e qualquer ambiente patriarcal, independente das raízes ancestrais, há violência masculina.

Todos nós vimos o horror que as meninas e mulheres afegãs passaram e ainda estão passando com a tomada do grupo terrorista Talibã.

Mulheres estão sendo tiradas à força de suas casas para se tornarem esposas dos extremistas.

Foram proibidas de sair sozinhas, não podem mais frequentar ambiente acadêmico, elas estão à mercê de homens loucos e assassinos e o mundo vê isso em completo silêncio.

Mulheres são vistas como seres fragmentados. Uma visão baseada em sua servidão para o consumo.

Ser mulher é portar a “estrela de Davi”. Significa ser membro de uma casta, ser mulher não é performance, nem sensação e nem sentimento, é apartheid.

Eu entendo pouco de política externa, mas uma coisa eu sei, as mulheres e meninas do Afeganistão; assim como as de grande parte da Ásia; da América Latina, estão nas mãos dos desejos dos homens.

Mulheres foram e são escravizadas há mais tempo que qualquer outro grupo humano que já existiu.

O que nos assusta hoje no Afeganistão já foi regra no mundo todo, inclusive aqui no Brasil, o fundamentalismo religioso junto com o patriarcado existem há séculos e continuam até hoje explorando, mutilando, vendendo, trocando, escravizando e matando mulheres.

Em um mundo onde os homens estão no poder, a vida deles sempre valerá mais que a vida das mulheres, e eu não vejo outra forma de conseguirmos emancipação se não pelo feminismo.

Ainda lutamos pelo direito de existir como seres humanos.

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(*)Regiane Pimentel é bacharel em direito, ativista social e feminista amazônida.

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