Na COP27, Lula defende que Conferência de 2025 seja realizada em estados da Amazônia

Da Revista Cenarium (*)

MANAUS – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na manhã desta quarta-feira, 16, na COP27, no Egito, durante a leitura da “Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática”, e anunciou que pedirá às Nações Unidas que a Amazônia seja a anfitriã do evento em 2025.

Vamos falar com o secretário-geral da ONU e pedir para que a COP de 2025 seja feita no Brasil e na Amazônia“, disse Lula, ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA), que fez a leitura da Carta.

Lula sorri entre público com painel escrito 'amazônia legal' ao fundo
Lula no estande de governos da Amazônia Legal nesta quarta, 16, pela manhã na COP27, no Egito (Joseph Eid/AFP)

Quanto ao local em que a conferência poderia ocorrer, Lula citou Amazonas e Pará como Estados aptos para sediar o encontro.

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Se a Amazônia tem o significado que tem para o planeta Terra, se tem a importância que todos vocês dizem que tem, que os cientistas dizem que tem, nós não temos que medir nenhum esforço para convencer as pessoas de que uma árvore em pé, uma árvore viva, vale mais do que uma árvore derrubada“, afirmou também Lula, em evento no estande de governadores da Amazônia Legal.

Lula criticou que o “Brasil não viajava para nenhum país e ninguém viajava para o Brasil” no governo Bolsonaro. “Parecia um bloqueio, mas não era um bloqueio econômico —era um bloqueio contra um governo que não fazia nenhuma ação, nenhum esforço para conversar com o mundo“, discursou.

Eu estou aqui para dizer para vocês que o Brasil está de volta ao mundo. O Brasil está saindo do casulo a que ele foi submetido ao longo dos últimos quatro anos. O Brasil não nasceu para ser um país isolado“, afirmou.

Veja trecho do discurso de Lula na COP27:
Lula diz em discurso na COP27 que pedirá à ONU para que evento seja realizado na Amazônia (Reprodução/YouTube)

Carta da Amazônia

Ao chegar ao pavilhão da COP27 nesta manhã, por volta das 11h15 no horário local (6h15 pelo horário de Brasília), antes de se posicionar diante do público, Lula se reuniu em uma sala com governadores do Acre, Mato Grosso, Pará e Tocantins, além do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Fernando Haddad, que integra a comitiva do governo de transição.

O presidente eleito recebeu dos governadores uma carta com propostas para a região amazônica. A leitura do documento foi feita por Helder Barbalho. Lula e a comitiva ingressaram no evento usando credenciais de “país anfitrião”, como convidados do governo do Egito.

Expressamos a disposição em construir uma relação profícua e eficaz com o governo federal, baseada no respeito democrático, na observância da Constituição e do diálogo com os poderes constituídos nas esferas estadual e federal“, diz parte do texto da carta.

Os políticos reforçam, porém, que querem preservar a autonomia construída ao longo dos últimos quatro anos —quando se mobilizaram em ações conjuntas voltadas para a região, se posicionando quase como um ente paralelo ao governo de Jair Bolsonaro.

Os estados da Amazônia alcançaram um nível de capacidade de relacionamento com organismos internacionais, com a sociedade civil, com instituições financeiras e até mesmo entre si que deve ser incentivado não pode mais retroceder“, salientam.

O tema do desenvolvimento sustentável da região também é destacado. A carta lembra que a Amazônia foi explorada ao longo dos anos, mas isso não se reverteu em progresso para a população local. “O modelo de desenvolvimento vigente, para ser economicamente pujante, trouxe o custo de ser ambientalmente devastador e socialmente excludente.”

Os governadores afirmam que seria necessário “aperfeiçoar as capacidades humanas e institucionais e mobilizar a ação empresarial” para que esse desenvolvimento seja alavancado por meio da bioeconomia, transformando a floresta em pé em “commodity”.

É necessário conjugar os saberes técnico e ancestral para que o potencial produtivo da Amazônia se expresse por meio do aproveitamento racional das vocações da região e com retorno justo e equânime para as populações locais“, escrevem.

Lula, após a leitura, disse concordar com o conteúdo.

“Eu só queria que os governadores levassem em conta que eu assinaria esse documento de vocês sem nenhum problema porque é mais do que justo que nós recuperemos a aliança entre as unidades federativas para que o governo federal governe em comum acordo com os governadores, e mais ainda que o governo federal volte a governar em acordo com os prefeitos“, afirmou.

Também no evento, o petista reforçou a promessa de campanha de criar no novo governo um ministério dos povos originários, voltado a fortalecer as políticas públicas para indígenas.

Leia a “Carta da Amazônia na íntegra:

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(*) Com informações da Folhapress

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