Novo membro da Academia Paulista de Letras Jurídicas defende espaço para mulheres e negros em discurso

Em um discurso humano, com força de representatividade, Roberto Livianu abordou a necessidade de uma APLJ plural (Reprodução/Internet)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Aconteceu na manhã desta segunda-feira, 21, no Espaço Sociocultural do Teatro CIEE, em São Paulo, a posse dos novos membros da Academia Paulista de Letras Jurídicas (APLJ). Entre os empossados chamou a atenção o discurso de Roberto Livianu. Ocupante da cadeira número 10, que pertenceu a José Frederico Marques, Livianu pediu, em sua fala, maior espaço para mulheres e negros na academia.

Após saudar autoridades, amigos e colegas de profissão presentes ao evento, em seu discurso ele falou: “Venho aqui na busca de uma contribuição justa, moderna e fecunda. Por isso que eu, humildemente, muito modestamente, me permito, já acadêmico, sugerir, com muita humildade e muita modéstia, dentro desse espírito do vice-presidente (da APLJ), que sejam incorporadas mais mulheres a essa academia e mais negros”, exortou.

Membros da Academia Paulista de Letras Jurídicas (APLJ) (Reprodução/APLJ)

Sob aplausos, o novo ocupante da cadeira número 10 realizou uma leitura histórica: “Ontem (domingo, 20) foi o Dia da Consciência Negra, e essa consciência deve existir todos os dias. O Brasil foi o último País ocidental a abolir a escravidão”, relembrou. Na sequência, ele destacou a existência de colegas que poderiam compor o colegiado de membros empossados na APLJ. “Nós temos vozes negras de muita expressão e muita inteligência, como a professora Eunice de Jesus Prudente e Silvio Almeida, que são brilhantes e que podem engrandecer essa academia”, exaltou.

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Pluralidade

Para Roberto Livianu, a presença de mulheres e negros na APLJ, pode reconfigurar a entidade. “Penso que podemos amplificar essa academia com grandes vozes negras, com grandes vozes femininas que com certeza trarão diversidade, e isso fará muito sentido. Penso que o sentido da academia é o sentido da pluralidade”, sugeriu. “Foi isso que eu aprendi ao longo da minha caminhada nas aulas do grande professor Dalmo de Abreu Dalari”, recordou.

Ao final, Livianu salientou o papel que irá desempenhar na APLJ. “Eu, que aprendi no convívio, no Ministério Público, a defesa do regime democrático, a defesa da ordem jurídica e da cidadania, para mim esse é o espírito que deva levar uma academia. O espírito que me traz até aqui, que me honrou e me trouxe alegria, é o espírito do engrandecimento. Me sinto feliz em acrescentar. Muito obrigado”, finalizou.

Histórico

A Academia Paulista de Letras Jurídicas – APLJ teve seu projeto lançado em 1979, ainda em meio ao turbulento período da ditadura militar no Brasil. O primeiro presidente foi o jurista e advogado Viana de Morais. Mas, na primeira fase, apesar de ter dado posse a acadêmicos, a academia não teve seu perfil jurídico definido. A segunda fase teve o jurista Dejalma de Campos, que tentou ajustar o perfil da academia, mas, também não logrou êxito.

Foi na gestão transitória de Ives Gandra da Silva Martins que foi composto o quadro da Academia e em assembleia geral ordinária de 2009, Ruy Martins Altenfender Silva foi eleito presidente da APLJ. Na ocasião, também foi criado o cargo de chanceler para o qual foi escolhido Ives Gandra da Silva Martins. A Academia Paulista de Letras Jurídicas – APLJ foi constituída, juridicamente, em 1° de setembro de 2009, em definitivo. A solenidade, com posse dos 80 acadêmicos da APLJ, foi realizada em agosto de 2010.

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