Onda de frio nos EUA causa mortes e governadora de NY compara situação à zona de guerra

Gelo proveniente de respingos das ondas do lago Erie recobre o restaurante Hoak, na região de Buffalo, em Nova York, após tempestade de inverno no Natal (Kevin Hoak/Reuters)
Da Revista Cenarium*

NOVA YORK – A onda de frio mais rigorosa em décadas nos EUA já deixou, ao menos, 47 mortos desde a semana passada, segundo a agência de notícias AFP. No Estado de Nova Iorque, onde morreram 27 das vítimas, a governadora Kathy Hochul reforçou, nesta segunda-feira, 26, os pedidos para que as pessoas permaneçam em casa e alertou que a tempestade — chamada por ela de “nevasca do século”— ainda está longe de acabar.

Buffalo, cidade a 600 quilômetros de Nova York, é uma das mais atingidas. Corpos foram encontrados em veículos e sob pilhas de neve, que chegam a 2,4 metros de altura e dificultam a ação dos serviços de emergência.

“É como ir para uma zona de guerra”, afirmou Hochul, nascida em Buffalo, acrescentando que a situação continua perigosa e que há risco de novas mortes em decorrência do frio extremo. “Estamos diante de um evento que será comentado durante várias gerações. Esta é, claramente, a nevasca do século.”

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Veículos cobertos por neve na cidade de Buffalo, a oeste de Nova York, nos EUA (Reprodução/AFP)

O aeroporto internacional da cidade permanecerá fechado até, pelo menos, esta terça-feira, 27, e uma proibição para dirigir permanece em vigor em todo o condado de Erie, onde Buffalo está localizada.

“A menos que sejam socorristas, não dirijam”, disse Mark Poloncarz, chefe-executivo de Erie. Segundo ele, algumas pessoas sofreram parada cardíaca ao tentar limpar a neve acumulada em frente às suas casas.

O frio extremo também frustrou os planos de milhares de famílias para o Natal. Mais de 200 mil pessoas em vários Estados despertaram sem energia elétrica na manhã de domingo, 25. Outras tiveram de cancelar viagens, embora a intensidade da tempestade tenha mostrado sinais de alívio.

De acordo com o boletim do Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês), grande parte do leste dos EUA permaneceria “congelada nesta segunda, antes que se estabeleça uma tendência de moderação a partir de terça-feira, 27”. Ainda assim, a recomendação para evitar viagens continua. Guardas nacionais e outros socorristas já resgataram centenas de pessoas presas em carros cobertos de neve e em casas sem energia, e as autoridades dizem que os resgates não cessam.

“É doloroso receber ligações de famílias com crianças dizendo que estão congeladas”, disse o xerife do condado de Erie, John Garcia, à rede americana CNN.

Rua vazia durante tempestade de inverno em Des Moines, no Iowa (Rachel Mummey/The New York Times)

O clima extremo provocou temperaturas abaixo de zero em 48 dos 50 Estados americanos, no fim de semana, o que afetou viajantes e isolou moradores em casas cobertas de gelo e neve.

Pelo menos 47 mortes relacionadas ao frio extremo foram confirmadas em nove Estados do País nesta segunda — aumento considerável em relação ao balanço divulgado na véspera, quando 28 mortes tinham sido confirmadas. As autoridades admitem que o número deve aumentar.

A tempestade provocou o cancelamento de quase 3 mil voos no domingo, além de cerca de 3.500 no sábado e quase 6 mil na sexta, segundo o site especializado FlightAware. Nesta segunda, cerca de mil foram cancelados. Os aeroportos mais afetados foram os de Atlanta, Chicago, Denver, Detroit e Nova York.

O gelo nas estradas também levou ao fechamento temporário de algumas das vias mais movimentadas do País, incluindo a Interestadual 70, que atravessa boa parte dos Estados Unidos de leste a oeste.

Um casal que vive em Buffalo, próximo à fronteira com o Canadá, disse à agência de notícias AFP que, com as estradas completamente intransitáveis, não conseguiram fazer o trajeto de dez minutos para encontrar a família no Natal. “É difícil, porque as condições são muito ruins […] Muitos departamentos de bombeiros nem enviam caminhões para responder às chamadas”, disse Rebecca Bortolin, 40.

Com aeroportos fechados pela tempestade, veículos se movem em rodovia de Chicago; americanos se preparavam para viajar no período de festas (Kamil Krzaczynski/AFP)

O clima extremo afetou, severamente, as redes elétricas, com vários fornecedores de energia pedindo à população que reduza o uso de eletricidade para minimizar os apagões em lugares como a Carolina do Norte e o Tennessee. No sábado, 24, quase 1,7 milhão de casas em todo o País ficaram sem energia, de acordo com a Poweroutage.us. Esse número caiu, substancialmente, na noite de domingo, embora mais de 50 mil usuários nos Estados do leste americano ainda estivessem sem energia nesta segunda.

O Canadá também foi afetado pela tempestade, e todas as províncias dispararam alertas meteorológicos. Acredita-se que um acidente de ônibus na Colúmbia Britânica, no fim de semana, com quatro mortos e 53 feridos, tenha sido causado pelo gelo nas estradas. Centenas de milhares de pessoas ficaram sem energia em Ontário e em Québec, e os aeroportos de Vancouver, Toronto e Montreal tiveram voos cancelados.

(*) Com informações da Folhapress
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