Com informações do UOL
SÃO PAULO – O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, cobrou nesta quarta-feira mais uma vez os países ricos a abrir seus cofres e garantir o financiamento aos países emergentes. Mas não citou o desmatamento em alta no Brasil nos últimos dois anos, uma destruição recorde e apenas falou em “desafios”.
E ainda chocou ambientalistas e mesmo autoridades ao declarar que o governo “reconhece também que onde há muita floresta também existe muita pobreza”.
A declaração foi feita em seu discurso oficial na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow. O chefe da pasta lidera a delegação brasileira na COP26, que termina nesta sexta-feira.
Segundo ele, para promover o desenvolvimento sustentável da região, o governo criou o Programa Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais Floresta+, “que busca fomentar o mercado de serviços ambientais, reconhecendo e remunerando quem cuida de floresta nativa”.
O discurso foi o primeiro em pessoa de uma autoridade do governo federal na plenária de alto nível do evento. Na abertura da COP26, o presidente Jair Bolsonaro se limitou a enviar um vídeo pré-gravado, enquanto mais de 130 líderes fizeram a viagem até Glasgow. Leite justificou que o presidente participou de “maneira moderna”.
Em sua fala, ele insistiu que o Brasil assumiu um suposto papel de “ator chave” e que “fez movimentos importantes, anunciando metas climáticas ainda mais ambiciosas”. Para ele, o país “faz parte da solução” e tentou vender uma agricultura sustentável e planos do governo em diferentes áreas.
Mas não houve uma referência explícita ao principal tema de preocupação mundial: a alta do desmatamento da Amazônia. Ele, porém, preferiu falar que o governo reconhece “os desafios” e trabalha para superá-los.
“Para conter o desmatamento ilegal na Amazônia, o Governo Federal dobrou os recursos destinados às agências ambientais federais e promoveu a abertura de concursos para 739 novos agentes ambientais. Além disso, o Ministério da Justiça intensificou as ações de comando e controle, com 700 homens da Força Nacional em campo, que atuam em 23 municípios de forma ostensiva e permanente”, disse.
No início do evento, na semana passada, o governo brasileiro se apressou em fazer anúncios de efeito. Prometeu cortar emissões de CO2 até 2030 e reduzir desmatamento. Mas ambientalistas alertam que os gestos não são suficientes.
Mesmo assim, o governo usou os anúncios para reduzir a pressão internacional e transferir a culpa por um eventual fracasso em Glasgow para a falta de ação dos países ricos. Para o Brasil, são europeus e americanos que devem agora se comprometer em destinar recursos aos emergentes.
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