Operação da PF em garimpo ilegal identifica contaminação nos rios da Amazônia


21 de setembro de 2020
Operação da PF em garimpo ilegal identifica contaminação nos rios da Amazônia
Polícia Federal coletou amostras de água e de material biológico humano, que permitirão mensurar a contaminação nos recursos ambientais e nos habitantes da região (Arquivo/ PF)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma investigação da Polícia Federal apontou fortes indícios de que a bacia hidrográfica do rio Boias e afluentes no município de Jutaí ( a 749 quilômetros de Manaus), foi atingida por mercúrio, metal líquido utilizado no processo da extração do ouro e prejudicial à saúde humana. O caso foi divulgado nesta segunda-feira, 21, após a PF deflagrar a Operação Minamata contra o garimpo ilegal no Estado.

As ações da operação iniciaram na última quinta-feira, 17, e encerraram no domingo, 20, e buscam reprimir a prática na região do município. De acordo com a PF, a fauna da região também foi contaminada pelo material, que, se ingerido, pode levar à morte.

Durante a operação, foram coletadas ainda amostras de água e de material biológico humano, que permitirão mensurar a contaminação nos recursos ambientais e nos habitantes da região.

A operação contou com a participação de 32 policiais federais, entre integrantes dos grupos táticos e especializados da PF, que tiveram à disposição uma aeronave da Instituição.

Segundo a Polícia Federal, o nome da operação remete ao evento em que ocorreu a intoxicação, pelo consumo de peixes contaminados pelo mercúrio, de centenas de pessoas na cidade de Minamata, na costa do Japão. Na ocasião, conforme a PF, o mercúrio era utilizado como um catalizador químico na produção de fertilizantes.

Ainda segundo a PF, operação Minamata está no contexto integrado de várias instituições para o planejamento e execução de trabalhos investigativos e ostensivos policiais voltados à proteção e preservação da Amazônia e dos demais biomas, bem como das Terras Indígenas (TI).

“As investigações foram realizadas com o auxílio de um sistema de monitoramento remoto que possibilita o acesso a imagens e alertas diários de detecção de mudanças ambientais, com acompanhamento por satélite, o que permitiu a rápida localização do garimpo ilegal. A celeridade na disponibilização das imagens permitida por esse sistema demonstra-se fundamental para o efetivo combate aos crimes ambientais no País”, diz a polícia.

Indígenas prejudicados

Conforme especialistas consultados pela REVISTA CENARIUM, mineração é responsável pelo assoreamento e contaminação de rios e da grilagem de terras, consequentes da invasão de áreas protegidas, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação (UCs), além de ameaçar a vida de indígenas, principalmente, as dos Yanomamis que vivem no Norte do Brasil.

Em meio à pandemia da Covid-19, garimpeiros ilegais podem ser os principais vetores da doença em Yanomamis, conforme aponta estudo da Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e revisada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

A exploração dos minérios também provoca fortes interferências no modo de vida das comunidades, ocasionando a desorganização social, transmitindo doenças e colocando a população em situação de vulnerabilidade.

Dragas e balsas desativadas

Nas ações, foram desativadas quatro dragas e três balsas, com cerca de 50 mil litros de diesel e de gasolina. A polícia apontou que os transportes fluviais eram utilizados como centro logístico para a distribuição de combustível entre os garimpeiros ilegais.

Os objetos e documentos apreendidos durante a operação serão analisados pela Polícia Federal na apuração das responsabilidades pelos crimes ambientais, especialmente decorrentes das atividades de garimpo ilegal.

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