Para chegar às Ilhas Canárias, três migrantes passam 11 dias agachados em leme de navio cargueiro

Da Revista Cenarium*

LAS PALMAS – Três migrantes resgatados nas Ilhas Canárias, após viajarem por 11 dias agachados sobre a pá do leme de um navio cargueiro, devem ser enviados de volta a seus países de origem sob a lei de clandestinidade, informou um porta-voz da polícia da Espanha à agência de notícias Reuters nesta terça-feira, 29.

Em uma foto divulgada pela guarda costeira do país ibérico no Twitter, os três migrantes aparecem equilibrados, logo acima da linha d’água, sobre a pá do leme do navio Alithini 2. Com 183 metros, a embarcação chegou a Las Palmas, nas Ilhas Canárias, depois de partir em 17 de novembro de Lagos, na Nigéria, e navegar pela costa ocidental da África, segundo indica o site Marine Traffic.

Após serem retirados da embarcação, eles receberam tratamento médico. De acordo com os serviços de emergência da ilha e a Cruz Vermelha, os migrantes apresentavam desidratação moderada e hipotermia — um deles estava em estado mais grave e teve que ser levado a um hospital.

O incidente abriu uma disputa entre autoridades. Um porta-voz da polícia das Ilhas Canárias afirmou que cabia ao operador do navio zelar pela situação, fornecendo aos refugiados alojamento temporário. Eles também teriam a responsabilidade de devolvê-los aos países de origem o mais rapidamente possível.

Para Helena Maleno, diretora da ONG Walking Borders, os migrantes poderão permanecer no país caso peçam asilo. “Em várias ocasiões, clandestinos puderam permanecer na Espanha com asilo político.”

A embarcação Alithini 2, propriedade da Gardenia Shiptrade, é tutelada pela Administração de Navios Astra, sediada na Grécia, de acordo com o banco de dados de navios Equasis. A administradora não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da Reuters.

O território espanhol das Ilhas Canárias é uma porta de entrada popular a migrantes da África que tentam chegar à Europa. O número de migrantes que chegam de forma ilegal ao arquipélago por mar caiu 17,6%, para 14.875, nos primeiros dez meses de 2022, em comparação a 2021, segundo o Ministério do Interior.

(*) Com informações da Folhapress