Início » Central da Política » Pesquisa Datafolha: em cenário estável, Lula tem 45% contra 33% de Bolsonaro no 1º turno
Pesquisa Datafolha: em cenário estável, Lula tem 45% contra 33% de Bolsonaro no 1º turno
Lula e Bolsonaro disputam a vaga de presidente da República (Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters)
Compartilhe:
16 de setembro de 2022
Com informações da Folhapress
MANAUS – A pouco mais de duas semanas do primeiro turno da eleição presidencial de 2022, a disputa segue estável com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sustentando uma vantagem de 12 pontos sobre Jair Bolsonaro (PL).
O petista tem os mesmos 45% das intenções de voto marcados há uma semana, e o atual presidente oscilou negativamente de 34% para 33%. Em terceiro lugar, empatados tecnicamente, vêm Ciro Gomes (PDT), com 8%, e Simone Tebet (MDB), com 5%. Foi o que aferiu a nova pesquisa do Datafolha, realizada de terça (13) a quinta-feira (15).
A fotografia é especialmente ruim para Bolsonaro, que nas últimas semanas abriu todas as caixas de ferramentas à disposição para tentar aproximar-se de Lula, líder desde que voltou ao páreo pelas mãos da Justiça em 2021.
PUBLICIDADE
O presidente interveio na Petrobras e tem patrocinado baixas consecutivas de preço de combustíveis, elaborou o Auxílio Brasil de R$ 600 para ser pago a famílias mais pobres justamente na campanha e apelou à sua base mais radical com os atos do 7 de Setembro.
Agora, ensaia uma inconvincente ofensiva moderada após um deputado bolsonarista ter agredido verbalmente a jornalista Vera Magalhães (TV Cultura) ao fim do debate dos candidatos ao Governo de São Paulo, na terça (13). Sua rejeição, já alta, oscilou para cima e afetou o viés da oscilação.
Na rodada anterior, feita imediatamente após a ida de multidões bolsonaristas às ruas em Brasília, Rio e São Paulo, Bolsonaro havia oscilado dois pontos para cima, dentro da margem de erro. A atual estabilidade mostra que, se efeito houve dos atos do 7 de Setembro, ele já está espraiado.
Neste levantamento, encomendado pela Folha e pela TV Globo, o instituto ouviu 5.926 eleitores em 300 cidades. Ele foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-04099/2022.
Para Lula, o cenário é mais positivo, mas não tanto quanto sua campanha gostaria. Nos últimos dias, o ex-presidente passou a falar abertamente em querer vencer no primeiro turno, buscando o voto de eleitores de Ciro e de Tebet.
Os terceiros colocados seguem numa rota de estagnação, com o pedetista oscilando um ponto para cima sobre a rodada anterior e a senadora, ficando na mesma, dificultando o plano do petista. Hoje, Lula tem os mesmos 48% dos votos válidos da semana passada, que excluem brancos e nulos e são a régua final da Justiça Eleitoral, muito próximo dos 50% mais um voto necessários para fechar o jogo no primeiro turno. Mas esse número já foi de 54%, em maio.
Nos grandes segmentos do eleitorado, o quadro é de estabilidade. Lula mantém sua vantagem geral pela ampla dianteira que tem entre os mais pobres: 49% do eleitorado entrevistado é composto daqueles que ganham até 2 salários mínimos, e nesse grupo o petista tem 52%, ante 27% do presidente. Entre quem recebe o Auxílio Brasil, o ex-presidente bate o atual por 57% a 26%.
O estrato daqueles que ganham de 2 a 5 mínimos (34% dos eleitores), grosseiramente podendo ser chamado de classe média baixa pelos padrões brasileiros, ainda aponta um empate técnico: Bolsonaro pontua 40% e Lula, 39%.
Mas o presidente havia tido uma grande subida entre eles até o começo do mês, reduzindo de 13 para 3 pontos a vantagem de Lula, pelo corte conservador dessa fatia do eleitorado e pelo impacto de medidas como a queda no preço do gás e gasolina. Esse movimento cessou, e o petista oscilou dois pontos para cima em relação à semana passada.
Bolsonaro só mantém folga sobre Lula entre os mais ricos, mas eles são minoritários: 9% ganham de 5 a 10 mínimos, e 4%, mais de 10 mínimos. O presidente caiu oito pontos (margem de erro específica de quatro pontos), mas ainda vence por 45% a 35% no primeiro grupo. No segundo, bate o antecessor por 42% a 29%.
Em relação à pesquisa anterior, houve uma mudança regional expressiva. O petista teve o maior crescimento no Centro-Oeste (7% da população): oito pontos, chegando a 38%, empatando com os 40% de Bolsonaro, que caiu seis pontos na região em que o agronegócio associado a ele é mais forte.
No pivotal Sudeste (43% do eleitorado), a oscilação foi positiva para Lula (de 41% para 43%) e negativa para seu principal rival (de 36% para 34%). Em Minas Gerais, houve mudança no cenário a favor de Bolsonaro: Lula passou de 47% para 43%, o presidente oscilou de 30% para 33%; com isso, a vantagem do petista, que era de 17 pontos, agora é de 10.
As mulheres também seguem fazendo grande diferença em favor do ex-presidente, reflexo da grande rejeição que Bolsonaro tem entre elas devido a seu histórico de tiradas machistas e a percepção, atestada em pesquisas qualitativas, de uma imagem pouco empática. Elas são 52% da amostra do Datafolha.
Entre elas, Lula segue com 46% e Bolsonaro, com 29%. O crescimento que o presidente havia registrado neste grupo, fruto da exposição maior de sua mulher, Michelle, parece ter ficado restrito mesmo aos nacos evangélicos e de renda intermediária do voto feminino. Entre os homens, o presidente caiu sete pontos e agora lidera por 44% a 37%.
Se a eleição fosse uma disputa apenas pelo voto evangélico, 27% do eleitorado, Bolsonaro ganharia no primeiro turno: tem 49% (52% dos válidos), ante 32% de Lula. A vantagem, contudo, foi reduzida pela primeira vez em levantamentos recentes: era de 51% a 28% para o presidente na semana passada.
Por outro lado, nos menos organizados politicamente católicos (56% da amostra), Lula devolve o placar com 51% (ou 53% dos válidos) a 28%.
Com tudo isso, as duas semanas finais da campanha colocarão duas estratégias semelhantes: a da urgência. Os petistas falarão sobre necessidade do voto útil para tentar finalizar a disputa no dia 2 de outubro, citando o crescente clima de violência política no país. Como mostrou o mesmo Datafolha em pesquisa separada, 67,5% dos brasileiros temem ser atacados por sua preferência eleitoral.
Já os bolsonaristas terão de dobrar suas apostas nos instrumentos até aqui utilizados, certamente tornando mais agudas as críticas a Lula e o apelo ao antipetismo, buscando dar mais quatro semanas para que o presidente tente ver as ferramentas de mais impacto, as econômicas, fazerem alguma diferença no eleitorado mais pobre.
Fiéis dessa balança a contragosto, Ciro e Tebet não conseguiram furar o caráter bidimensional da disputa até aqui.
Abaixo deles, há todo o pelotão restante de candidatos: Soraya Thronicke (UB) passou de 1% para 2%. Não pontuaram Felipe D’Ávila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Vera Lúcia (PSTU), Leo Péricles (UP), Constituinte Eymael (DC) e Padre Kelman (PTB).
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.