Pesquisa explora ciência do sagrado em estudo de religiões afro-amazônicas

Parte de um corpo feminino representando a cultura afro-amazônica (unsplash/Salem)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO (SP) – Selecionada para um pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP), a professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Ana Lídia Cardoso do Nascimento, vai explorar as práticas de cuidado e cura das religiões de matriz africana, afro-brasileiras e indígenas.

Autora do projeto “Os significados da prática de cuidado e cura para construção de uma etnociência e bem-viver sob a lógica umbandista na metrópole paulistana”, Ana Lídia dá continuidade à sua tese de doutorado sobre o que ela chama de “Ciência do Sagrado”.

A pesquisadora Ana Lídia Cardoso do Nascimento no Santuário Nacional da Umbanda, em Santo André, São Paulo (Reprodução/Ufra)

Segundo a pesquisadora, a ciência do sagrado são as práticas de cura e cuidado das religiões de matriz africana, afro-brasileiras e indígenas pautadas no sobrenatural. Para ela, é uma ciência específica que não possui um caráter racional, convencional, mas sim, uma ciência com uma epistemologia própria.

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A professora explica ainda que quando uma pessoa chega em um espaço de terreiro, tendas ou templos de religiões afro-brasileiras com alguma questão emocional ou física, o religioso é capaz de ver além do que a medicina convencional pode oferecer.

Um dos campos de pesquisa de Ana Lídia foi em Juruti, região oeste do Pará, onde encontrou uma senhora que se identificou como uma rezadeira para evitar o racismo religioso, mas tinha todas as características de mãe de santo.

A pesquisadora ouviu da religiosa a respeito de pessoas que chegavam carregadas, com dores de cabeça e no corpo. Após conversar com essas pessoas, na busca de entender melhor o que se passava, elas iam embora já sem a carga negativa que as levaram ao templo.

“É olhar para o outro. É cuidar. Essa é a questão do cuidado que se tem com o outro, ver o outro na sua inteireza, olhar o outro como o ser humano que ele é, humanizar essa relação. Eu acho que isso, a biomedicina, a alopatia, deixa muito a desejar”, afirmou em comunicado à imprensa.

O trabalho de Ana Lídia foi fundamental para a criação do Núcleo de Educação e Diversidade na Amazônia (Nedam), criado por ela em 2018, que possibilitou a criação de um grupo de pesquisa sobre o tema.

Leia mais: Conheça pesquisa que investiga mistérios das árvores gigantes da Amazônia
(*) Com informações da Alma Preta Jornalismo
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