Pesquisador desmente fala de Lula sobre variante P.1 ser dez vezes mais contagiosa


10 de março de 2021
Pesquisador desmente fala de Lula sobre variante P.1 ser dez vezes mais contagiosa
Ex-presidente Lula citou situação de Manaus em seu primeiro discurso após decisão de Fachin (Reprodução/Internet)

Jennifer Silva – Da Revista Cenarium

MANAUS – O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, afirmou à Revista Cenarium que a variante P.1, encontrada inicialmente no Amazonas, não possui alto índice de contágio como afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pronunciamento nesta quarta-feira, 10.

“A variante P.1 não é dez vezes mais contagiosa que as outras variantes. Os modelos estatísticos mostram que essa nova variante que surgiu na região amazônica é duas vezes mais contagiosa do que a variante que causou a Covid-19. A carga viral do organismo das pessoas é dez vezes maior, mas a transmissibilidade é duas vezes maior”, afirmou o pesquisador.

Segundo Lucas, é perigosa a fala do ex-presidente, principalmente em tempos de fake news. “Não é uma questão de discordar da fala do Lula, é uma questão que nós termos dados científicos e o Lula não é um especialista no tema e é complicado dizer algo dessa natureza. Isso pode distorcer informações, em uma pandemia onde a gente já tem total conflito de informações e muita fake news. A gente precisa dar a informação correta”, esclareceu Ferrante.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um adulto infectado com essa variante tem uma carga viral [quantidade de vírus no corpo] dez vezes maior em relação a uma infecção por outras variantes. O estudo foi publicado como “preprint”, ou seja, ainda não passou pela revisão de outros cientistas, a chamada revisão pelos pares.

Contudo, isso não quer dizer que a nova cepa seja “dez vezes mais contagiante”, como afirmou o ex-presidente Lula. “É uma informação equivocada e não condiz com os fatos reais”, completou Lucas Ferrante.

Primeiros casos

Os primeiros casos da Covid-19 no Amazonas foram detectados em março de 2020. Segundo a nota técnica da Fiocruz Amazônia, no dia 30 de dezembro de 2020, os pesquisadores identificaram um possível caso de reinfecção. Eles realizaram o sequenciamento e, no dia 13 de janeiro, veio a confirmação de que o vírus analisado na amostra era uma nova variante, que foi denominada P.1.

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.