Pesquisadores representam Ufam em Congresso sobre Estudos de Gênero e Poder


Por: Jadson Lima

09 de novembro de 2024
Pesquisadores representam Ufam em Congresso sobre Estudos de Gênero e Poder
Logotipo da Redor 2024 (Reprodução)

MANAUS (AM) – Professores e pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) participaram, nesta semana, do 22° Congresso Nacional da Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre Mulheres e Relações de Gênero (Redor), em São Luís, capital do Maranhão. A programação contou com a participação do Grupo de Estudos, Pesquisa e Observatório Social: Gênero e Poder (Gepos), também da Ufam.

O evento é um espaço de debate sobre gênero, feminismos, diálogos com mulheres na ciência e as desigualdades regionais, com foco no tema “Gênero, Feminismos e Contracolonialidade: diálogos com mulheres na ciência e as desigualdades regionais”.

A cerimônia de abertura do evento ocorreu na quarta-feira, 6 (Orson Oliveira/CENARIUM)

O congresso, coordenado pela professora doutora da Ufam Iraildes Caldas Torres, que também coordena o Gepos, iniciou na quarta-feira, 6, e encerrou nesta sexta-feira, 8. Além de Iraildes Caldas, as atividades do Redor contaram com a participação da jornalista e mestranda em Sociedade e Cultura na Amazônia Paula Litaiff, que é uma das palestrantes dos Grupos de Trabalhos (GTs); do coordenador Audiovisual Itaassu Ribas Melo; da professora de Serviço Social da Ufam Alice Alves Menezes Ponce de Leão, dentre outros dez pesquisadores.

Durante o evento, as atividades contaram com uma série de conferências, mesas-redondas, painéis de teses e a apresentação de grupos temáticos. Ao todo, são 15 GTs debateram na 22ª edição do Redor. Em dois deles (Feminismo, Raça, Etnia e Bem Viver; e Gênero, Meio Ambiente, Ecofeminismo e Ruralidades), Iraildes integrou a equipe de coordenação.

Adson Bulhões, Alice Ponce, Elisiane Andrade, Itaassu Melo, Ivânia Vieira, Maria Paula Litaiff, Ricardo Castro, Sofia Oliveira, Solange Pereira e Valcirlene Bruce sob a coordenação da professora Iraildes Caldas, gestora do Grupo de Estudo, Pesquisa e Observatório Social (Gepos) da Ufam (Orson Oliveira/CENARIUM)

Além dos GTs, a doutora da Ufam também participou de um painel com o tema “Mulheres e Meio Ambiente: ciência, sustentabilidade e sobrevivência na terra”, além de ministrar o minicurso “Mulheres da Floresta e Ecofeminismo”, que abordou o ecofeminismo como uma corrente de pensamento na Amazônia.

“Procurei mostrar de que forma as mulheres são sujeitos centrais no processo de preservação do meio ambiente, quais são suas práticas sociais e como que, por meio dessas práticas, as mulheres da floresta fazem o ecofeminismo”, destacou Iraildes Caldas à reportagem.

A professora doutora da Ufam Iraildes Caldas Torres (Orson Oliveira/CENARIUM)

Ainda de acordo com a pesquisadora, a reflexão buscou evidenciar as especificidades e singularidade do ecofeminismo na Amazônia, no contexto das mulheres da floresta. “Debatemos os eixos desse ecofeminismo e suas expressões frente à crise climática que será debatida na COP30, que ocorrerá no Brasil, em 2025”, destacou.

Debate de Gênero e Sexualidade

Já a professora do curso de Serviço Social da Ufam Alice Alves Menezes, que também integrou a comitiva da Ufam no congresso, é uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho (GT) – Gênero e Sexualidade. Para a CENARIUM, ela afirmou que os debates abordados no grupo estão na ordem do dia, à medida que problematizam questões importantes que rompem na cena contemporânea.

Ela destacou as novas configurações de relacionamentos afetivo-sexuais fora da monogamia e no contexto das sexualidades dissidentes, como de pessoas LGBTQIAPN+ e de pessoas com deficiência. O grupo também discutiu sobre as epistemologias de análise para os estudos de sexualidade-gênero e sobre a inserção de homens enquanto produtores de conhecimento no âmbito da teoria feminista.

Professora da Ufam Alice Alves Menezes na abertura do evento (Orson Oliveira/CENARIUM)

“Esses debates são importantes para elucidar questões que ainda estão encobertas pelo invólucro do preconceito e que tolhem o livre direito de amar e de desejar, especialmente de grupos socialmente estigmatizados”, disse Alice Alves Menezes, que também é vice-líder do Grupo de Estudos, Pesquisa e Observatório Social: Gênero e Poder (Gepos), da Ufam.

Produções intelectuais

A especialista também frisou que o congresso interessa não apenas aos estudiosos e pesquisadores da temática de Gênero, mas a toda a sociedade, uma vez que traz a temática socioambiental, do trabalho, da maternidade, da sexualidade, dentre outras. Para Alice Alves Menezes, “pensar uma sociedade livre é pensar, antes, uma sociedade antirracista, antissexista, anticapitalista”.

“Este Congresso tem uma importância destacada para o fortalecimento do feminismo, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do País a partir do destaque das suas produções intelectuais e das práticas sociais das mulheres”, finalizou.

Criação da identidade

O mestrando em Sociedade e Cultura da Ufam Itaassu Melo também integrou o grupo de pesquisadores do Amazonas no evento. À CENARIUM, ele destacou que foi o responsável pela criação da identidade visual do Congresso Nacional Redor e explicou como as ações desenvolvidas são essenciais para a divulgação e registro do evento.

“Estivemos focados em captar cada detalhe relevante para que o evento fosse bem documentado, permitindo que esse material sirva como um recurso valioso para futuras reflexões e divulgação, que pode contribuir para ampliar o impacto das discussões promovidas pelo congresso“, disse.

O mestrando em Sociedade e Cultura da Ufam Itaassu Melo (Orson Oliveira/CENARIUM)
Violência de Gênero

A jornalista e mestranda em Sociedade e Cultura da Amazônia Paula Litaiff esteve entre as pesquisadoras da Ufam que apresentaram estudos no Grupo de Trabalho (GT) do Redor 2024.

Com a coautoria da professora e doutora Iraildes Caldas, a pesquisa de Litaiff trata das relações de poder dentro do bairro Parque das Tribos, na Zona Oeste de Manaus, no qual se analisa o cenário de violência política de homens indígenas contra lideranças de mulheres indígenas.

“O principal objetivo é verificar quais mecanismos de resistência são utilizados pela principal liderança do Parque das Tribos, em Manaus, para fazer o enfrentamento ao poder androcêntrico, que se recusa a aceitar uma mulher como líder da comunidade indígena e podermos, assim, trabalhar políticas afirmativas no local”, explicou Paula Litaiff.

A jornalista e mestranda em Sociedade e Cultura da Amazônia Paula Litaiff (Orson Oliveira/CENARIUM)

Foco de conflitos fundiários, o Parque das Tribos possui, aproximadamente, 54 mil metros quadrados, sendo situado ao lado de uma área de preservação, onde vivem 900 famílias cadastradas, representadas por 37 etnias, considerado um dos maiores bairros indígenas do Brasil.

Rede feminista

A Redor é uma rede de Núcleos e Grupos de Pesquisa formada por Instituições de Ensino Superior (IES) das regiões Norte e Nordeste do Brasil, com foco em estudos de gênero e sobre a mulher. A organização conta com 35 núcleos e grupos de pesquisa distribuídos entre 17 núcleos e 12 grupos na Região Nordeste, e quatro núcleos e dois grupos na Região Norte.

A Redor desenvolve as atividades por meio de três linhas de atuação: Estudos e Pesquisas, Capacitação e Publicação. Essas áreas são fundamentais para a promoção do conhecimento acadêmico e a formação de novos pesquisadores, além de fomentar a disseminação de estudos e práticas que contribuem para a valorização e compreensão das questões de gênero.

Veja como foi a programação:

Leia também: Grupo de estudos leva debate sobre violência de gênero ao Parque das Tribos, em Manaus

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