PF coleta mais de 4.400 horas de filmagens dos circuitos de segurança dos ataques às sedes dos Três Poderes

Participantes de atos golpistas que depredaram Supremo Tribunal Federal, Palácio do Planalto e Congresso Nacional (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) enviou um comunicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) neste domingo, 23, em que informa ter coletado 4.410 horas de filmagens dos circuitos internos de segurança do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e do próprio Supremo no dia dos ataques às sedes dos Poderes.

Os arquivos somam 1,47 terabytes. Outras 129 gigas de imagens foram capturadas na internet pelos investigadores.

“Os vídeos foram encaminhados para os Institutos de Criminalística e Identificação Nacional e estão sendo realizadas as perícias e análises para as deliberações pertinentes”, disse à PF.

PUBLICIDADE
Vândalos bolsonaristas fazem barricada na Praça dos Três Poderes durante invasão ao Palácio do Planalto (Gabriela Biló/Folhapress)

Como a Folha mostrou, a PF utiliza uma mistura de inteligência artificial e trabalho manual dos policiais para identificar os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) envolvidos nos ataques aos Poderes, em 8 de janeiro.

Apesar de o material ser usado pela perícia para identificação de quem cometeu crime, a equipe responsável, diretamente, pela investigação dos atos de vandalismo, não analisou a íntegra das gravações.

“Informo que foi solicitado, ainda, dia 19/04/2023, a apresentação de laudo pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC), a fim de identificar e reconhecer as movimentações e dinâmica de ações dos agentes públicos, neste, compreendidos, também as identidades destes”, reforça a PF.

O documento é uma resposta à decisão do ministro Alexandre de Moraes. Na sexta-feira, 21, o magistrado determinou que a PF prestasse informações acerca do recolhimento das imagens.

Leia também: PF marca depoimento de Bolsonaro sobre atos golpistas do 8 de janeiro

Na decisão, Moraes disse que a apuração não está restrita aos “indivíduos e agentes públicos civis e militares que, criminosamente, pretenderam causar ruptura do Estado democrático de direito”, mas também na identificação das condutas de agentes civis e militares que, por ação ou omissão, foram “coniventes ou deixaram de exercer suas atribuições legais”.

“Para elucidação das responsabilidades criminais dos envolvidos nos crimes, objeto desta investigação, é necessária a vinda aos autos de todas as imagens que auxiliem na identificação dos responsáveis”, concluiu o ministro.

Na resposta, a PF ainda diz que foram ouvidos 81 militares que atuaram no dia 8 de janeiro, tendo sido selecionados os de patente igual ou superior a sargento do Exército.

Os depoimentos foram tomados todos no mesmo dia, em 12 de abril. Dentre os intimados, prestaram esclarecimentos os generais Gustavo Henrique Dutra de Menezes (ex-comandante Militar do Planalto), Carlos Feitosa Rodrigues “ex-secretário de segurança do Planalto) e Carlos José Russo Assumpção Penteado (ex-número 2 do Gabinete de Segurança Institucional).

Além dos 81 militares ouvidos, a Polícia Federal colhe o depoimento de nove funcionários do GSI, neste domingo, alguns deles são ouvidos pela segunda vez. Todos eles aparecem nas imagens gravadas pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro.

No grupo estão o general Carlos Feitosa Rodrigues e o capitão José Eduardo Natale Pereira, que aparece nas imagens dando água para os manifestantes. Ainda foram intimados a depor os coronéis Wanderli Baptista da Silva Júnior, Alexandre Santos de Amorim e André Garcia Furtado, os tenente-coronéis Alex Marcos Barbosa Santos, Marcus Vinicius Bras de Camargo, o capitão Adilson Rodrigues da Silva e o sargento Laércio da Costa Júnior.

O grupo foi dividido em dois para os depoimentos, com parte indo à PF, às 10h, e outro chegando às 14h.

(*) Com informações da Folhapress
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.