Da Revista Cenarium*
BOA VISTA – A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal deflagraram nesta quarta-feira, 30, a Operação Yoasi, com objetivo de investigar um esquema de desvio de recursos públicos federais do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), no Estado de Roraima (RR). Yoasi, para os Yanomami, é irmão de Omama e responsável pela morte no mundo.
O inquérito policial foi instaurado após o recebimento de um inquérito civil, conduzido pelo Ministério Público Federal, que apurou notícias divulgadas pela imprensa que relatavam a falta de medicamentos para malária e verminoses na Terra Indígena Yanomami. As diligências do MPF identificaram, dentre outras irregularidades, o recebimento do vermífugo albendazol em quantidades inferiores ao adquirido pelo órgão.
Estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima. Entre os alvos estão os dois ex-coordenadores do Dsei Yanomami, Rômulo Pinheiro e Ramsés Almeida da Silva – exonerado no último dia 22; a farmacêutica Cláudia Winch Ceolin; o assessor de Ramsés, Cândido José de Lira Barbosa; e o empresário Roger Henrique Pimentel, dono da empresa Balme Empreendimentos LTDA.
As suspeitas são que apenas 30% de mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas pelo DSEI-Y teriam sido devidamente entregues. Com o apoio de agentes públicos, os recebimentos das entregas seriam fraudados e indicariam o cumprimento integral da contratação.
Apenas em relação ao prejuízo para tratamento de verminoses, o esquema implementado no DSEI-Y teria deixado 10.193 crianças desassistidas, resultando no aumento de infecções e manifestações de formas graves da doença, com crianças expelindo vermes pela boca.
O empresário suspeito de se beneficiar do esquema também é investigado em outra ação, por suspeitas de participação em um esquema de desvio de recursos públicos do combate à pandemia de Covid-19 em Roraima.
Os principais crimes investigados são fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. A soma das penas para estes crimes pode ultrapassar 35 anos de reclusão.
(*) Com informações da Assessoria
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