Polícia Federal encontra falhas em laudo de perícia de indigenista assassinado no Amazonas

Indigenista Maxciel Pereira dos Santos (Divulgação/Arquivo Pessoal)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Polícia Federal (PF) identificou falhas na perícia cadavérica no corpo do indigenista Maxciel Pereira dos Santos, assassinado em 2019, na cidade de Tabatinga (distante 1.106 quilômetros de Manaus), em laudo divulgado nesta quinta-feira, 27. Os peritos federais iniciaram os trabalhos no início deste mês de outubro. O corpo do indigenista foi exumado depois que a família do ex-servidor público colheu provas de que as autoridades foram negligentes na condução do caso.

Assassinado há três anos, Maxciel Pereira dos Santos pode ter sido morto por represália, de acordo com a família. Ele atuava na Terra Indígena Vale do Javari, local da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022. Maxciel foi morto quando estava em uma moto, com a esposa e a enteada, quando dois homens se aproximaram em outra moto e atiraram. Três anos depois, nenhum suspeito foi identificado.

Antes de ser morto, o indigenista atuava na Terra Indígena Vale do Javari, local da morte de Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022 (Reprodução)

Laudo

De acordo com a Polícia Federal, foi realizado um exame de imagem – tomografia computadorizada. Também foi feito, complementarmente, e a ser concluído em momento posterior, exame antropológico forense. As conclusões deste deverão ser expostas em laudo próprio ainda a ser emitido.

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Verificou-se, nos exames realizados em Brasília, que o crânio da vítima foi atingido por um único disparo que incidiu sobre a região têmporo-parietal, músculo da mímica facial responsável pelas expressões faciais. A causa da morte, portanto, devido a traumatismo cranioencefálico, é decorrente de um disparo de projétil de arma de fogo transfixante.

No entanto, a partir da documentação apresentada e do próprio croqui, esboço feito à mão sem a exigência de traços precisos, disponibilizados a partir do trabalho pericial realizado em 2019, não se pode descartar que tenha ocorrido outro disparo, conforme narrado pela esposa da vítima (que estava presente no momento do ocorrido). Um outro possível disparo pode ter atingido somente tecidos moles da vítima, não sendo viável a constatação no exame realizado no início deste mês, visto que fragmentos ósseos foram objeto de análise.

Caso

Maxciel era servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) e defensor dos indígenas do Vale do Javari. Ele trabalhava nas operações de combate à caça, pesca, garimpo e exploração de madeireira no território que reúne a maior população de indígenas isolados do mundo.

O indigenista chefiou, por cinco anos, o Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional do Vale do Javari, segundo informou a associação de servidores da Funai, Indigenistas Associados (INA).

O crime não foi esclarecido e a PF negou ter recebido algum dossiê sobre as ameaças que a vítima vinha sofrendo na época da tragédia.

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