Povos indígenas do Pará reivindicam participação na equipe de transição do Governo Lula


23 de novembro de 2022
Logomarca da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Divulgação)
Logomarca da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Divulgação)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – Em carta aberta divulgada à imprensa, a Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) organização vinculada à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) manifestaram seu descontentamento com a não inclusão de lideranças indígenas do Estado na equipe de transição do Governo Lula e reivindicaram participação no grupo de trabalho sobre Povos Originários.

Liderado pelo vice-presidente eleito e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), o governo de transição possui mais de 300 integrantes, com maioria de homens brancos. Na equipe de assuntos indígenas já são 15 os nomes confirmados (veja mais abaixo).

Segundo a presidente da Fepipa, Puyr Tembé, as lideranças indígenas do Pará estão decididas a pressionar o governo eleito por mais representatividade dos povos originários do Pará no governo de transição. A presença política é estratégia para fortalecer a luta dos povos contra a violência e as ameaças que sofrem os povos indígenas no Estado.

“Para nós, é inadmissível que o Pará, diante de todos os impactos socioambientais que vivem os povos indígenas dessa região, esteja de fora desse grupo. Os indígenas estão insatisfeitos com essa decisão”, disse Puyr.

Com a segunda maior população indígena do Brasil, o Pará concentra 46 povos diferentes que enfrentam pressões, ameaças e violências de fazendeiros, empresários, grileiros, posseiros, desmatadores, narcotraficantes, garimpeiros e pescadores ilegais de norte a sul do Estado.

Os impactos socioambientais provocados por grandes empreendimentos também são motivo de muita preocupação para os povos indígenas do Pará. E não à toa: a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na Bacia do Rio Xingu, iniciada durante o Governo Lula, em 2011, provocou e ainda provoca impactos ambientais e também a populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas e até as populações urbanas.

Outro projeto rejeitado durante gestões petistas por conta dos impactos socioambientais e “ressuscitado” pelo governo de Jair Bolsonaro é a construção de um complexo de hidrelétricas na Bacia do Tapajós (PA). A preocupação é com a retomada desses empreendimentos de grande impacto negativo para as populações tradicionais e a biodiversidade.

Para Puyr Tembé, a participação efetiva de representantes do Estado, na equipe de transição, é uma “reparação pela violação histórica de direitos dos povos indígenas do Pará”.

Nomes

Até quarta-feira, 16, dez nomes haviam sido anunciados para o grupo sobre povos originários: Benki Piyãko, representante político e xamânico do povo Ashaninka; Célia Xakriabá, deputada federal eleita; Davi Kopenawa Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami; Joênia Wapichana, deputada federal; Marivelton Baré, presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn); Sonia Guajajara, deputada federal eleita; Tapi Yawalapiti, liderança e cacique do povo Yawalapiti da região do Alto Xingu; Juliana Cardoso, vereadora na cidade de São Paulo e deputada federal eleita; e os ex-presidentes da Funai Márcio Augusto Freitas de Meira e João Pedro Gonçalves da Costa.

Após pressão feita pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o gabinete de transição anunciou, na quinta-feira, 17, mais cinco nomes: os coordenadores-executivos da Apib, Kleber Karipuna e Eunice Kerexu, e Eloy Terena, coordenador jurídico da organização. Além deles, as lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) Yssô Truká e Weibe Tapeba também foram nomeados.

(*) Com informações da assessoria

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO