Povos indígenas do Pará reivindicam participação na equipe de transição do Governo Lula

Logomarca da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Divulgação)
Da Revista Cenarium*

MANAUS – Em carta aberta divulgada à imprensa, a Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) organização vinculada à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) manifestaram seu descontentamento com a não inclusão de lideranças indígenas do Estado na equipe de transição do Governo Lula e reivindicaram participação no grupo de trabalho sobre Povos Originários.

Liderado pelo vice-presidente eleito e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), o governo de transição possui mais de 300 integrantes, com maioria de homens brancos. Na equipe de assuntos indígenas já são 15 os nomes confirmados (veja mais abaixo).

Segundo a presidente da Fepipa, Puyr Tembé, as lideranças indígenas do Pará estão decididas a pressionar o governo eleito por mais representatividade dos povos originários do Pará no governo de transição. A presença política é estratégia para fortalecer a luta dos povos contra a violência e as ameaças que sofrem os povos indígenas no Estado.

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“Para nós, é inadmissível que o Pará, diante de todos os impactos socioambientais que vivem os povos indígenas dessa região, esteja de fora desse grupo. Os indígenas estão insatisfeitos com essa decisão”, disse Puyr.

Com a segunda maior população indígena do Brasil, o Pará concentra 46 povos diferentes que enfrentam pressões, ameaças e violências de fazendeiros, empresários, grileiros, posseiros, desmatadores, narcotraficantes, garimpeiros e pescadores ilegais de norte a sul do Estado.

Os impactos socioambientais provocados por grandes empreendimentos também são motivo de muita preocupação para os povos indígenas do Pará. E não à toa: a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na Bacia do Rio Xingu, iniciada durante o Governo Lula, em 2011, provocou e ainda provoca impactos ambientais e também a populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas e até as populações urbanas.

Outro projeto rejeitado durante gestões petistas por conta dos impactos socioambientais e “ressuscitado” pelo governo de Jair Bolsonaro é a construção de um complexo de hidrelétricas na Bacia do Tapajós (PA). A preocupação é com a retomada desses empreendimentos de grande impacto negativo para as populações tradicionais e a biodiversidade.

Para Puyr Tembé, a participação efetiva de representantes do Estado, na equipe de transição, é uma “reparação pela violação histórica de direitos dos povos indígenas do Pará”.

Nomes

Até quarta-feira, 16, dez nomes haviam sido anunciados para o grupo sobre povos originários: Benki Piyãko, representante político e xamânico do povo Ashaninka; Célia Xakriabá, deputada federal eleita; Davi Kopenawa Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami; Joênia Wapichana, deputada federal; Marivelton Baré, presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn); Sonia Guajajara, deputada federal eleita; Tapi Yawalapiti, liderança e cacique do povo Yawalapiti da região do Alto Xingu; Juliana Cardoso, vereadora na cidade de São Paulo e deputada federal eleita; e os ex-presidentes da Funai Márcio Augusto Freitas de Meira e João Pedro Gonçalves da Costa.

Após pressão feita pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o gabinete de transição anunciou, na quinta-feira, 17, mais cinco nomes: os coordenadores-executivos da Apib, Kleber Karipuna e Eunice Kerexu, e Eloy Terena, coordenador jurídico da organização. Além deles, as lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) Yssô Truká e Weibe Tapeba também foram nomeados.

(*) Com informações da assessoria
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