Prejuízos e vícios: especialistas alertam para riscos de apostas em cassinos online

Cassinos online se tornam populares no Brasil (Reprodução)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Apesar de ser proibido no Brasil, as apostas em cassinos vêm ganhando mais adeptos ao longo dos últimos anos, a partir de uma brecha na legislação brasileira, por ainda não possuir jurisprudência que atue no âmbito virtual. Com isso, brasileiros conseguem apostar a partir de sites e aplicativos. As apostas em jogos de futebol, jogos online ou em jogos de azar apresentam o crescimento das “bets” no Brasil nos últimos meses. O termo “bets”, derivado do inglês, significa “apostas” em tradução para o português.

Um levantamento conduzido pela REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA na loja de aplicativos para celulares com o sistema Android mostra que, entre os 50 principais aplicativos de jogos gratuitos da Play Store, pelo menos 11 são de cassinos online, sendo o principal o “Tigre Slots – Sortudo”, conhecido como “Jogo do Tigre”, que conta atualmente com mais de um milhão de downloads na loja de aplicativos.

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Um dos mais populares cassinos online no Brasil (Reprodução/Internet)

A busca por um dinheiro rápido e a sensação de prazer ao vencer jogos de cassino resultou no aquecimento do mercado brasileiro nos últimos anos. Segundo levantamento do portal Statista, 48% dos brasileiros jogam cassinos online de uma a três vezes na semana.

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A psicóloga Luenda Lira alerta que jogos de azar envolvendo apostas é algo sério, principalmente com o acesso fácil para adolescentes. “Aparentemente é uma coisa inofensiva, é um entretenimento, um lazer, mas pode causar vício. Principalmente porque esses jogos envolvem muita adrenalina”, a especialista explica que a adrenalina faz a pessoa ficar cada vez mais dependente. “Quando a gente fala de dependência tanto de álcool quanto de drogas, de sexo, de qualquer outro vício, é o mesmo sistema que acontece no cérebro da pessoa”, ressalta.

Vício em jogos preocupa especialistas (Reprodução)

Geralmente essas pessoas já estão com alguma pré-disposição, alguma ansiedade, alguma depressão ou são pessoas que precisam desse funcionamento de dopamina e acabam hiperfocando nesse entretenimento. Então se afastam dos amigos, começam a vender suas coisas, a gastar um dinheiro que não tem”, ressalta.

Luenda indica que pais ou pessoas próximas que identifiquem os vícios e ajudem a procurar um psicólogo. “Com os casos aumentando de pessoas viciadas com os jogos, é necessário conversar com os adolescentes sobre o risco, promover outras atividades longe de celulares e computadores, enxergar se a pessoa que está jogando passa por algum problema e o vício está sendo uma válvula de escape e procurar auxílio quanto antes”, afirma.

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Ponto de vista jurídico

O advogado e especialista em direito do consumidor Flávio Terceiro alerta para a barreira jurídica dos sites de apostas, que ficam localizados fora do País, o que acaba dificultando na responsabilização da empresa caso o usuário tenha problemas.

Ainda que use o Código de Defesa do Consumidor para apontar que essas empresas estão abusando da fragilidade dessas pessoas, dificilmente se alcançará alguma responsabilização, pois são sites hospedados muitas vezes em outros países, cujos donos são difíceis de se identificar e cujo patrimônio é difícil de rastrear, até para o tribunal realizar algum bloqueio judicial”, ressalta.

Cassinos on-line se tornam populares no Brasil (Reprodução)

O especialista ainda alerta para propagandas estreladas por influenciadores digitais, que acabam conduzindo pessoas a apostarem online, sem qualquer segurança. “E as pessoas que consomem conteúdo nas redes sociais para se desligar da realidade veem esses anúncios protagonizados por pessoas em quem confiam, que são ‘influenciadores’ verdadeiramente sobre a vida daquele espectador”, aponta.

“Tanto o cidadão precisa estar consciente de que deve se manter afastado desses sites quanto o influenciador precisa ser responsável na publicidade que realiza. De um lado, há um público hipossuficiente, vulnerável, e do outro, um irresponsável que ou não tem assessoria jurídica no âmbito do Direito Digital ou age de má-fé, movido pela ganância, e abusando da sua posição econômica”, alerta.

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona

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