Presidente da Fieam cobra cortes dos juros mais agressivos após BC anunciar fim das reduções
22 de março de 2024

Karina Pinheiro – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, afirmou à REVISTA CENARIUM que os cortes da taxa Selic, usada como base para os juros bancários, realizados pelo Banco Central, podem ser maiores. Na quarta-feira, 20, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano e sinalizou que na próxima reunião fará apenas mais um corte, iniciando o fim do ciclo de redução dos juros.
“A meu ver, o cenário econômico presente e as perspectivas futuras permitem reduções mais agressivas por parte do Copom. Temos que considerar que a taxa de juros elevada significa uma redução do dinheiro circulante, o que, por conseguinte, inibe o investimento e prejudica a retomada da tendência de crescimento econômico”, disse Antônio.

Em comunicado, o Copom informou que o cenário para a inflação permanece inalterado, com riscos tanto de alta como de baixa. Entre os fatores que podem elevar a inflação, estão a persistência das pressões inflacionárias globais e o aquecimento do setor de serviços. Entre os possíveis fatores de queda, estão a desaceleração da economia global maior que a projetada e impactos mais fortes que o esperado das altas de juros em outros países.
“O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas, exigindo cautela na condução da política monetária. Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, apontou trecho do comunicado.

O presidente da Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomércio), Aderson Frota, em entrevista à REVISTA CENARIUM apontou que o panorama é preocupante a respeito da sinalização do BC de por fim ao ciclo de redução dos juros.
“Na possibilidade de inflação, a inflação pode agravar mais ainda o quadro da inadimplência e da negatividade do consumidor, então isso tudo está dentro de um cenário de preocupações. Agora, claro, o governo sentindo que a inflação está relativamente tomada, se bem que está começando a vir as primeiras alterações de preço dos alimentos, significa dizer que há oportunidade para que a taxa Selic venha caindo”, disse Aderson.

Aderson explica que a taxa Selic é oportuna para o consumidor, visto que facilita as negociações dos consumidores, das famílias com os órgãos a quem estão devendo.
“O aumento da inflação acaba inviabilizando os negócios, porque havendo inflação, os preços sobem e em paralelo atinge a população que ainda está individada e significa dizer que nós vamos ter um cenário econômico muito difícil. Por outro lado, quando a gente fala da dificuldade da economia, a gente tem que focar exatamente no desemprego que vem como decorrência”.
Para 2025, a projeção é de aumento para 3,52%. A meta central da inflação é de 3% neste ano, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Com relação à Selic, taxa básica de juros, a estimativa do Boletim Focus para o fim de 2024 se manteve em 9% ao ano.