Presidente dos EUA diz não acreditar que China vá enviar armas à Rússia na Guerra da Ucrânia
25 de fevereiro de 2023

Da Revista Cenarium*
MANAUS – Em aparente tentativa para diminuir as tensões com a China, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que não acredita em uma “iniciativa importante” por parte de Pequim para fornecer armas à Rússia que seriam usadas na Guerra da Ucrânia, recém-completada um ano.
O comentário foi feito após o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmar que o regime chinês estava considerando “fornecer apoio letal” a Moscou, que iria de munição até as “armas próprias”, o que Pequim negou. O episódio iniciou nova troca de acusações entre as diplomacias dos dois países.

Biden lembrou em entrevista ao canal americano ABC News, exibida na noite desta sexta (24), que, durante uma conversa com o líder chinês, Xi Jinping, deixou claro que Pequim sofreria retaliações se decidisse fornecer armas a Moscou. “Mas não vimos isso até o momento. Não prevejo uma grande iniciativa por parte da China para fornecer armamento à Rússia”, disse o americano.
Ao ser questionado se o envio de armas “ultrapassaria a linha” estabelecida por Washington, Biden afirmou que o governo dos Estados Unidos responderia. “Nós colocaríamos sanções severas a qualquer um que fizesse isso”.
Biden e Xi Jinping fizeram no ano passado o primeiro encontro presencial desde a eleição do democrata, em Bali, na Indonésia, na véspera da cúpula do G20. Além da Guerra da Ucrânia, eles conversaram sobre a batalha comercial envolvendo disputas tarifárias e semicondutores, atritos regionais em Taiwan e na Coreia do Norte e direitos humanos.
“E eu disse [a Xi Jinping]: ‘Se você estiver envolvido no mesmo tipo de brutalidade, se apoiar a brutalidade que está acontecendo, você pode enfrentar as mesmas consequências'”, disse Biden na entrevista exibida nesta sexta. O americano afirmou ter enfatizado ao chinês que, após o início da guerra no Leste Europeu, cerca de 600 empresas americanas já deixaram a Rússia sem “qualquer pressão do governo”.
Pequim é um dos maiores aliados de Moscou, com quem celebrou uma “amizade sem limites” dias antes do início do conflito. Apesar de ter criticado a guerra, aludindo a uma retórica mais generalista de defesa da paz e de uma solução política, nunca condenou publicamente Vladimir Putin pela invasão. Também se desvencilhou de pedidos da comunidade internacional para que se posicione de forma mais dura.
Na quarta (22), o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, se encontrou com Vladimir Putin em Moscou. Diante do presidente russo, o chinês disse que são os EUA, não a China, “que estão constantemente enviando armas para o campo de batalha”.
A troca de advertências entre os diplomatas dos EUA e da China acontece em um momento delicado da relação entre as duas potências. O estopim da crise mais recente foi o anúncio pelo Pentágono da descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês, às vésperas de uma viagem de Blinken ao país asiático. Washington afirma que o objeto seria um instrumento de espionagem, enquanto Pequim insiste que o balão é um equipamento de pesquisas, sobretudo meteorológicas.
Aliados da Ucrânia tentam impor sanções e proibições comerciais para sufocar a capacidade de Moscou de adquirir mais armas ou produzi-lás com material importado. Na sexta-feira, dia que a invasão russa da Ucrânia completou um ano, o G7, grupo que reúne algumas das maiores economias mundias, informou que qualquer país que ajudar a Rússia com “apoio material” para a guerra “enfrentará custos severos”.
O presidente francês, Emmanuel Macron anunciou neste sábado (25) que viajará à China em abril. Ele pediu a Pequim que “ajude a pressionar a Rússia” pelo fim da guerra e a “construir a paz”.
Na véspera, Pequim apresentou um plano de paz genérico para a Ucrânia, mas o documento não foi recebido como esperado pelo Ocidente. Líderes europeus demonstraram ceticismo diante da alegação de neutralidade de Pequim dada a sua proximidade com a Rússia.
(*) Com informações da Folhapress