Presidente dos EUA diz não acreditar que China vá enviar armas à Rússia na Guerra da Ucrânia

Bandeira ucraniana acenada em meio à destruição provocada pela guerra Metin Aktas/Anadolu Agency via Getty Images
Da Revista Cenarium*

MANAUS – Em aparente tentativa para diminuir as tensões com a China, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que não acredita em uma “iniciativa importante” por parte de Pequim para fornecer armas à Rússia que seriam usadas na Guerra da Ucrânia, recém-completada um ano.

O comentário foi feito após o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmar que o regime chinês estava considerando “fornecer apoio letal” a Moscou, que iria de munição até as “armas próprias”, o que Pequim negou. O episódio iniciou nova troca de acusações entre as diplomacias dos dois países.

O presidente dos EUA, Joe Biden (à dir.) em encontro com o líder chinês, Xi Jinping, em novembro
O presidente dos EUA, Joe Biden (à dir.) em encontro com o líder chinês, Xi Jinping, em novembro – Saul Loeb – 14.nov.22/AFP

Biden lembrou em entrevista ao canal americano ABC News, exibida na noite desta sexta (24), que, durante uma conversa com o líder chinês, Xi Jinping, deixou claro que Pequim sofreria retaliações se decidisse fornecer armas a Moscou. “Mas não vimos isso até o momento. Não prevejo uma grande iniciativa por parte da China para fornecer armamento à Rússia”, disse o americano.

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Ao ser questionado se o envio de armas “ultrapassaria a linha” estabelecida por Washington, Biden afirmou que o governo dos Estados Unidos responderia. “Nós colocaríamos sanções severas a qualquer um que fizesse isso”.

Biden e Xi Jinping fizeram no ano passado o primeiro encontro presencial desde a eleição do democrata, em Bali, na Indonésia, na véspera da cúpula do G20. Além da Guerra da Ucrânia, eles conversaram sobre a batalha comercial envolvendo disputas tarifárias e semicondutores, atritos regionais em Taiwan e na Coreia do Norte e direitos humanos.

“E eu disse [a Xi Jinping]: ‘Se você estiver envolvido no mesmo tipo de brutalidade, se apoiar a brutalidade que está acontecendo, você pode enfrentar as mesmas consequências'”, disse Biden na entrevista exibida nesta sexta. O americano afirmou ter enfatizado ao chinês que, após o início da guerra no Leste Europeu, cerca de 600 empresas americanas já deixaram a Rússia sem “qualquer pressão do governo”.

Pequim é um dos maiores aliados de Moscou, com quem celebrou uma “amizade sem limites” dias antes do início do conflito. Apesar de ter criticado a guerra, aludindo a uma retórica mais generalista de defesa da paz e de uma solução política, nunca condenou publicamente Vladimir Putin pela invasão. Também se desvencilhou de pedidos da comunidade internacional para que se posicione de forma mais dura.

Na quarta (22), o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, se encontrou com Vladimir Putin em Moscou. Diante do presidente russo, o chinês disse que são os EUA, não a China, “que estão constantemente enviando armas para o campo de batalha”.

A troca de advertências entre os diplomatas dos EUA e da China acontece em um momento delicado da relação entre as duas potências. O estopim da crise mais recente foi o anúncio pelo Pentágono da descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês, às vésperas de uma viagem de Blinken ao país asiático. Washington afirma que o objeto seria um instrumento de espionagem, enquanto Pequim insiste que o balão é um equipamento de pesquisas, sobretudo meteorológicas.

Aliados da Ucrânia tentam impor sanções e proibições comerciais para sufocar a capacidade de Moscou de adquirir mais armas ou produzi-lás com material importado. Na sexta-feira, dia que a invasão russa da Ucrânia completou um ano, o G7, grupo que reúne algumas das maiores economias mundias, informou que qualquer país que ajudar a Rússia com “apoio material” para a guerra “enfrentará custos severos”.

O presidente francês, Emmanuel Macron anunciou neste sábado (25) que viajará à China em abril. Ele pediu a Pequim que “ajude a pressionar a Rússia” pelo fim da guerra e a “construir a paz”.

Na véspera, Pequim apresentou um plano de paz genérico para a Ucrânia, mas o documento não foi recebido como esperado pelo Ocidente. Líderes europeus demonstraram ceticismo diante da alegação de neutralidade de Pequim dada a sua proximidade com a Rússia.

(*) Com informações da Folhapress

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