Procurador recomenda que Starlink adote rigor para evitar uso criminoso da rede na Amazônia


29 de julho de 2024
Procurador recomenda que Starlink adote rigor para evitar uso criminoso da rede na Amazônia
Antena de transmissão de dados da Starlink (Reprodução)
Bianca Diniz – Da Cenarium

BOA VISTA (RR) – O procurador da República no Amazonas André Luiz Porreca Ferreira Cunha recomendou que a Starlink, empresa de comunicação via satélite fundada por Elon Musk, adote métodos mais rigorosos para verificar a identidade de seus clientes no Brasil. Em entrevista à Agência Pública, Cunha enfatizou a urgência de medidas para impedir que os equipamentos sejam usados em atividades criminosas, principalmente no garimpo ilegal.

De acordo com o procurador, titular do 2º Ofício Socioambiental da Amazônia Ocidental, que atua nos Estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia, tanto na esfera cível quanto criminal, cerca de 90% das antenas Starlink apreendidas em garimpos ilegais na Amazônia estavam registradas em nomes de laranjas.

“Sem dúvida está comprovado [o uso de laranjas]. Quando se apreende a antena e vai se ver o comprador, são pessoas que não residem na Amazônia. Residem no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste. O que causa uma estranheza gigante”, afirmou o procurador.

O procurador da República no Amazonas André Luiz Porreca Ferreira Cunha (Reprodução/Redes Sociais)

Cunha explicou à agência de jornalismo que a ausência de medidas rigorosas de identificação, como biometria facial, facilita a compra e o uso dos equipamentos para atividades ilegais na região.

Inquérito

O procurador, por meio do Ministério Público Federal (MPF), deu início a um inquérito em maio deste ano para investigar o uso da Starlink em garimpos ilegais. Na ocasião, Cunha justificou que a iniciativa foi motivada por relatos de que essas antenas facilitam a comunicação entre garimpeiros e empresários, além de dificultar ações repressivas das operações coordenadas pelo governo federal.

Antena da Starlink apreendida em área de garimpo ilegal (Divulgação)

O inquérito apura se a empresa de Musk tem agido com negligência na segurança de dados, verificação da identidade dos usuários e se a companhia tem colaborado com processos administrativos relacionados à exploração ilegal de recursos minerais.

O procurador solicitou à Polícia Federal (PF) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dados sobre apreensões de antenas entre 2021 e 2024, e também enviou uma solicitação à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para ter acesso às informações sobre as medidas de prevenção e fiscalização do uso indevido das conexões. Segundo o Ibama, entre abril de 2023 e março de 2024, cerca de 90 equipamentos de internet foram apreendidos, sendo 32 da Starlink, equivalente a 35,6%. Além disso, a investigação questionou a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) sobre o uso dentro das terras indígenas.

Resposta da Starlink

O representante legal e procurador da empresa no Brasil, Vitor James Urner, argumentou que a legislação exige apenas informações básicas como dados pessoais, endereço e contato telefônico, esclarecendo que não há obrigações estabelecidas para realizar procedimentos mais rigorosos

O representante legal e procurador da Starlink no Brasil, Vitor James Urner (Reprodução/Redes Sociais)

Em contrapartida, o procurador da República no Amazonas afirmou que existe uma ilegalidade, porque essas antenas não podem permanecer nas mãos de usuários laranjas, de pessoas que residem em outros Estados e estão fornecendo os dados para usuários daqui na Amazônia. ”Não podem ser usadas como instrumentos do crime e nenhuma medida ser adotada e essas pessoas não serem identificadas”, completou Cunha.

Leia mais: Ibama e PF apreendem kits da Starlink, de Elon Musk, em garimpo ilegal na Amazônia
Editado por Adrisa De Góes

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