Proprietários de escola de SP são acusados de tortura e maus-tratos contra crianças

Pichação em escola na Zona Sul da cidade de São Paulo, nos quais os donos são investigados pela polícia (Paulo Eduardo Dias/Folhapress)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – Um casal proprietário de uma escola no Jardim da Glória, Zona Sul de São Paulo, é investigado pela Polícia Civil por suspeitas de tortura e maus-tratos a alunos e de submetê-los a situação vexatória.

A investigação teve início após professores e pais denunciarem agressões físicas e verbais contra as crianças, gravadas em vídeos.

O delegado Fábio Daré, do 6° DP (Cambuci), solicitou à Justiça na quinta-feira, 22, a prisão temporária dos responsáveis pelo colégio, cujos nomes não foram revelados.

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A advogada Fabiana Cristina de Macedo Cayres afirmou à reportagem, na noite de sexta-feira, 23, que os “donos da escola negam, veementemente, que as acusações são totalmente inocentes”. Ela disse que não teve acesso às informações da polícia sobre o caso.

O casal ainda não foi ouvido pela polícia, de acordo com o delegado.

Daré disse que soube na última segunda-feira, 19, de um Boletim de Ocorrência contra os proprietários. Desde então, foram ouvidas duas funcionárias e 12 mães de alunos com idade de 1 ano e 8 meses a 6 anos.

De acordo com a polícia, as mulheres que lidavam com os alunos afirmaram que discordavam das atitudes dos donos da escola e que não chegaram a receber salário.

Caso de maus-tratos é denunciado em escola de São Paulo (Reprodução/TV Globo)

Ainda segundo o delegado, há indícios de “violência psicológica” contra as crianças.

“Colocar uma criança de 1 ano e 8 meses, dentro de um quarto escuro por horas; colocar uma criança com incontinência urinária sentada num balde para urinar e defecar ali, para não sujar a escola; colocar essa mesma criança num ralo para fazer as necessidades pessoais dela; amarrar uma criança num pilar. Esses elementos me levaram a crer que houve tortura na escola”, disse Daré.

“As oitivas delas foram muito concatenadas, uma bateu com a outra”, acrescentou.

Em uma imagem a que a reportagem teve acesso, uma criança aparece com as mangas da blusa amarradas. A medida seria um castigo imposto por ela fazer xixi na roupa.

Suspeita-se que apenas os donos do colégio agrediram as crianças, segundo o delegado. Não há indícios, de acordo com ele, da participação de professores.

Uma ex-funcionária, que trabalhou na escola em 2016, procurou a delegacia após a repercussão do caso e relatou ter presenciado situações de maus-tratos enquanto esteve na unidade.

“Quando uma pessoa começa a expor uma situação, os outros pais começam a perder o medo de se expor também”, disse o delegado.

Leia também: Violência nas escolas: E-book traz sugestões para prevenir atentados
(*) Com informações da Folhapress
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