Psicólogo afirma que contato com a natureza é um antidepressivo natural
18 de julho de 2023
Vista da torre do Musa, em Manaus, Amazonas (Ricardo Oliveira/Rede Cenarium)
Da Revista Cenarium*
MANAUS – Ainda pouco conhecido do outro lado do planeta, o banho de floresta (“shinrin-yoku”) é uma terapia que foi introduzida no serviço de saúde pública do Japão desde a década de 1980. No Brasil, o psicólogo Marco Aurélio Carvalho, diretor do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, foi o guia do primeiro banho de floresta realizado no país.
Em 2021, o instituto firmou um convênio com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para pesquisar o papel dessa terapia em biomas como a mata atlântica e a floresta amazônica.
A prática é simples —caminhar em meio à natureza e contemplá-la—, mas os benefícios se mostram grandes em estudos das últimas quatro décadas.
Jatobá em área da floresta amazônica em Altamira, no Pará; bioma é um dos estudados por psicólogos para entender benefícios da natureza à saúde – Lalo de Almeida – 26.ago.2019/Folhapress
“Quanto mais o tempo passa, mais vai ficando claro que a natureza, a floresta, mesmo que uma só árvore, já provoca um efeito restaurador muito importante no organismo”, diz Carvalho.
“Uma pesquisa da Universidade Stanford revelou que as árvores têm efeitos sobre o nosso cérebro, inclusive em regiões associadas à depressão. Ou seja, o contato com árvores é um antidepressivo”, destaca.
O psicólogo faz parte também da Rede Saúde e Natureza Brasil, que elaborou um manifesto para que o poder público reconheça a correlação entre essas duas áreas e gere políticas públicas para promovê-las. Para Carvalho, o SUS (Sistema Único de Saúde) deveria adotar, assim como fez o Japão, o banho de floresta entre as suas terapias.
Marco Aurélio Bilibio Carvalho Psicólogo clínico, diretor do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, que estuda os benefícios de ‘banhos’ de floresta – Divulgação
Outra falta nos tempos atuais é a de espaços para que lidemos com a ansiedade gerada pelas mudanças climáticas, a chamada ecoansiedade. Ou, no outro extremo, com a negação dessa realidade.
“Nós percebemos que a informação as pessoas têm, mas a assimilação da informação, não. A informação vai para uma dimensão abaixo da consciência. A gente chama isso de negação ou deflexão”, explica.
“E quanto mais essa realidade é negada, mais enfraquecida fica a força política necessária para pressionar as autoridades a fazerem o que têm que fazer”, completa.
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