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Quatro crianças indígenas morrem em Roraima por falta de resgate aéreo, diz associação Yanomami
Crianças yanomami sofrem com desnutrição e falta de atendimento médico (Reprodução/ Fantástico)
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30 de dezembro de 2022
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Quatro crianças Yanomamimorreram na quinta-feira, 29, por falta de assistência da empresa responsável por fazer o transporte aéreo na Terra Indígena (TI) Yanomami, denunciou a Urihi Associação Yanomami. À REVISTA CENARIUM, o presidente da organização, Júnior Hekurari, afirmou que as crianças tinham entre nove meses e três anos, e estavam desnutridas.
A primeira criança era da comunidade Kuniamari, a segunda da comunidade Keeta, e outras duas crianças da comunidade Kataroa. De acordo com Hekurari, um helicóptero fica responsável para fazer resgate aéreo em uma região mais isolada do território, mas a aeronave foi levada para conserto no último dia 24. Outra deveria ser colocada à disposição, o que não ocorreu.
“O helicóptero foi retirado da base [região do Surucucu] para cidade de Boa Vista, pois seria realizada a troca de uma peça que havia danificado. Em situações como essa, a empresa mantém outro helicóptero na cidade, qual deveria ter sido enviado para base na Terra Indígena Yanomami, devido ao alto fluxo de resgates por meio de asas rotativas“, disse a associação.
Hekurari afirmou ainda que o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) há mais de 30 crianças graves esperando resgate. “Considerando que as ações de saúde devem ter como princípio a integralidade de assistência, e que a falta de resgate, atendimento e medicamentos são recorrentes, é nítido a falta de planejamento e responsabilidade dos gestores“, complementou a Urihi Associação Yanomami.
No início do mês de dezembro, a Urihi Associação Yanomami divulgou imagens de crianças e adultos extremamente magros e com as costelas aparentes na comunidade Kataroa, Região do Surucucu, município de Alto Alegre, ao Norte do Estado. A associação denunciou que as crianças também estavam com doenças infecciosas.
“O agravo da invasão garimpeira, doenças infecciosas, e a desassistência do Dsei [Distrito Sanitário Especial Indígena] aumentam a insegurança da população, resultando em níveis catastróficos de desnutrição“, disse a Urihi, que lançou uma campanha de arrecadação de dinheiro para compra de medicamentos.
A desnutrição, assim como a malária, é uma das maiores questões de saúde pública no território Yanomami e está diretamente ligada à atividade garimpeira. A Hutukara Associação Yanomami (HAY) estima que há 20 mil garimpeiros explorando ilegalmente a maior reserva do País, que, com mais de 10 milhões de hectares, abrange os Estados do Amazonas e Roraima. São mais de 28,1 mil indígenas que vivem na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.
Relatório da HAY mostrou que o garimpo no território cresceu 46%, em 2021, e mais da metade dos Yanomami (56%) é diretamente impactada pelo atividade ilegal. Em entrevista ao Fantástico neste domingo, 11, Hekurari lembrou que ogarimpocausa a destruição do habitat natural dos animais e contamina os rios. Isso gera a escassez de alimentos dos indígenas e até mesmo a infecção de doenças.
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