Quem é Nelson ‘Barbudo’, bolsonarista do agro que deve assumir vaga na Câmara dos Deputados

Nelson "Barbudo" assume vaga deixada por Amália Barros no parlamento federal (Composição: Weslley Santos/CENARIUM | Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)
Davi Vittorazzi — Da Revista Cenarium

CUIABÁ (MT) — Com a morte da deputada federal por Mato Grosso Amália Barros (PL), de 39 anos, o primeiro suplente dela, o ex-deputado Nelson “Barbudo” (PL), de 64 anos, deve assumir o mandato na Câmara dos Deputados. Amália morreu após complicações de uma cirurgia para a retirada de um nódulo no pâncreas, na madrugada de sábado, 11, para domingo, 12.

Barbudo é empresário do agronegócio e já esteve na Câmara representando em Mato Grosso entre os anos de 2019 e 2022. Ele tinha sido eleito pelo antigo PSL, à época, quando foi o deputado federal mais votado do Estado. Nas últimas eleições gerais, o político não conseguiu se reeleger.

Antes de ingressar no Congresso, foi vereador no município de Alto Taquari (MT), pelo extinto PFL, no período de 2005 a 2009. Na mesma época, recebeu multa por desmatamento ilegal.

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Nelson Barbudo e Jair Bolsonaro (Reprodução/Redes Sociais)

Conhecido por ser da linha bolsonarista “raiz”, Nelson Barbudo costuma fazer críticas a atual gestão do presidente Lula (PT), além de ter exaltado a vitória de Javier Milei, atual presidente da Argentina, espectro político de extrema direita.

Na primeira passagem na Câmara, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Barbudo votou favoravelmente em 98% dos projetos ao Executivo federal. O político fortemente em comissões ligadas ao agronegócio e ao meio ambiente, representando a bancada do agro.

Entre os projetos polêmicos que atuou, o então parlamentar, em 2021, emitiu um parecer favorável a um controverso projeto de lei que buscava legalizar a prática da caça esportiva no Brasil. O documento argumentava que um dos propósitos era contribuir para “a gestão populacional de determinadas espécies”.

Ele também propôs um projeto que visa estabelecer um teto para o valor das multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A proposta ainda tramita na Câmara dos Deputados.

Outra proposta endossada por Barbudo foi o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o que chamam de “abuso de poder” por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Machismo

Durante uma sessão na Comissão do Meio Ambiente, em dezembro de 2021, Nelson Barbudo mandou a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) “ficar quietinha e pianinha”, durante debate sobre a caça esportiva de animais silvestres, proposta defendida pelo deputado.

A deputada repreendeu Barbudo e exigiu respeito. “Eu, enquanto mulher, jovem, deputada federal, muito bem votada por sinal, exijo respeito, exijo que esse senhor se comporte melhor da próxima vez”, rebateu Tabata.

Atuação e morte de deputada

A deputada Amália Barros foi eleita por Mato Grosso com mais de 70 mil votos, em 2022. Jornalista por formação, ela se mudou ao Estado após se casar e morou em Campo Novo do Parecis. Era vice-presidente do PL Mulher e presidente da Frente Parlamentar da Pessoa com Deficiência.

Assegurou à pessoa com visão monocular os mesmos direitos e benefícios previstos na legislação para a pessoa com deficiência. A Lei nº 14.126/2021 classifica a visão monocular como deficiência sensorial e foi sancionada no governo anterior e é conhecida por seu nome, Lei Amália Barros.

Amália Barros morreu após complicações de uma cirurgia (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Amália estava internada desde 1º de maio no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, e morreu após passar por uma cirurgia para retirada de um nódulo no pâncreas. O velório e sepultamento da deputada ocorreu em Mogi Morim, interior de São Paulo, cidade natal da parlamentar.

Leia mais: Veja lista de deputados federais da Amazônia que pedem investigação do STF e TSE por abuso de poder
Editado por Aldizangela Brito
Revisado por Gustavo Gilona
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