‘Reflexo da sociedade’: entidades e políticos se manifestam após morte de indígena Karipuna
18 de setembro de 2023
Fachada da sede da Funai em Brasília (DF) (Reprodução/Advocacia-Geral da União-AGU)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – Instituições públicas e políticos manifestaram-se nas redes sociais nesta segunda-feira, 18, após a morte da adolescente indígena Karipuna Maria Clara Batista, de 15 anos, ocorrida no domingo, 17, quando foi estuprada, afogada na lama e jogada numa área de pântano no Oiapoque, no Amapá. Ela estava internada há quatro dias, em estado grave, em um hospital de Caiena, capital da Guiana Francesa.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por meio da Coordenação Regional do Amapá e Norte do Pará, repudiou o ato de violência e definiu-o como um crime “bárbaro” e “inaceitável”, afirmando que vai atuar junto às autoridades para que o culpado seja responsabilizado. O suspeito do crime foi identificado como Cláudio Roberto da Silva Ferreira, de 45 anos, e foi preso.
Adolescente da etnia Karipuna foi violentada e jogada na lama (Divulgação/Polícia Civil)
“O crime que tirou a vida de Maria Clara é um reflexo de uma sociedade que ainda enfrenta problemas como a intolerância, a desigualdade de gênero e a violência contra as mulheres, especialmente as indígenas. Este ato hediondo não afeta apenas a família enlutada, mas também todas as comunidades indígenas do Oiapoque, que clamam por justiça e proteção”, diz nota da Funai.
A entidade ressaltou que trabalha para fortalecer atuação na promoção de políticas de prevenção e proteção, bem como no apoio às vítimas de violência de gênero, com a colaboração de organizações da sociedade civil, do sistema de Justiça e de outras instituições governamentais.
‘Crime bárbaro’
O Governo do Amapá afirmou que, inicialmente, a indígena Karipuna Maria Clara Batista recebeu atendimento médico no Hospital Estadual de Oiapoque e, após ter o estado de saúde agravado, foi transferida para a UTI em Cayena, na Guiana Francesa, local mais próximo da cidade. A Secretaria dos Povos Indígenas presta assistência à família.
“Ainda no domingo, a Secretaria de Relações Internacionais entrou em contato com o Itamaraty, para tratar da vinda do corpo. As secretarias das Mulheres e de Assistência Social também estão no apoio. Mais um crime bárbaro de feminicídio que deixa todo o povo amapaense consternado”, diz nota do governo estadual.
Políticos se manifestam
Nas redes sociais, a líder indígena e deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG) afirmou que a violência segue em escalada contra a juventude e mulheres nos territórios indígenas do País. Ela destacou que o caso traz à tona a urgência de políticas que garantam a vida dos povos indígenas.
“Já estamos atuando para tratar com seriedade mais esse caso de violência grave contra indígenas no Brasil. Nenhuma de nós a menos!”, escreveu.
A violência segue em escalada contra nossa juventude e mulheres nos territórios. Nesta semana, uma jovem de 15 anos perdeu a vida após ser abusada sexualmente e violentada no Amapá. Já estamos atuando para que a família possa acessar o corpo e para que políticas sejam efetivadas.
O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional e ex-governador do Amapá, Waldez Góes, pediu rigor na punição dos culpados do crime contra a indígena de 15 anos e ressaltou, ainda, que o caso merece justiça.
“A assustadora brutalidade do crime que tirou sua vida não pode ser tolerada numa democracia que procura respeitar e proteger suas crianças, mulheres e povos originários”, disse o ministro.
Maria Clara era uma adolescente de 15 anos: portanto ainda criança, mulher e indígena. A assustadora brutalidade do crime que tirou sua vida não pode ser tolerada numa democracia que procura respeitar e proteger suas crianças, mulheres e povos originários.
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