Mulheres indígenas pressionam Três Poderes por demarcação de terras em marcha no DF

Mulheres indígenas em marcha por direitos, em Brasília. (Foto: Mayara Subtil/ Revista Cenarium Amazônia)
Mayara Subtil – Da Revista Cenarium Amazônia

BRASÍLIA (BSB) – Nem mesmo o calor ou a baixa umidade relativa do ar impediram as lideranças femininas de percorrerem nesta quarta-feira, 13, os 4km que separam o local onde acampam, perto do Eixo Monumental, a Esplanadas dos Ministérios, região central de Brasília.

As mais de 5 mil mulheres e meninas de vários cantos do pais tomaram as principais ruas da capital federal durante o último dia da III Marcha das Mullheres Indígenas. A organização do ato é da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e o tema desta edição é “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais”.

A movimentação rumo ao Congresso Nacional começou por volta das 9h. Com danças e cantos, as indígenas cruzaram os cartões postais de Brasília com reinvindicações dirigidas à cúpula dos Três Poderes.

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O ponto final da mobilização pacífica foi o gramado em frente ao Senado e à Câmara, área onde pressionaram pela demarcação das terras e chamaram a atenção para a necessidade de indígenas aumentarem presença em espaços de poder.

(Foto: Mayara Subtil/Revista Cenarium Amazônia)

“Nós já vimos que faz diferença ter mulheres indígenas no Congresso Nacional. E é por isso que nossa marcha, mulheres, tem que voltar pra casa com esse pacto entre nós. Para nas próximas eleições, nós termos mulheres parlamentares nos nossos estados e nós termos mais mulheres deputadas federais aqui no Congresso Nacional”, disse a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara.

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, enfatizou a relevância das mulheres indígenas em todas as esferas de atuação da sociedade.

“As mulheres indígenas são resistentes, são resilientes, são sábias por natureza. Temos secretárias, coordenadoras, professoras, advogadas. Nós somos guerreiras e não desistimos nunca da nossa luta. Nós somos as soluções para as crises que estão aí, para as crises climáticas, para as crises humanitárias, para as crises sociais. E nós estamos ajudando a reconstruir o nosso país”, disse a presidente da Funai.

Palavras de Ordem

As lideranças femininas ainda ecoaram palavras de ordem a violência de gênero, os impactos das mudanças climáticas e a tese do Marco Temporal. A tese define que uma terra só pode ser demarcada se houver provas de que os indígenas estavam naquele território na época da promulgação da Constituição de 1988.

Enquanto ruralistas a defendem por segurança jurídica, indígenas alegam que muitas comunidades foram expulsas de seus territórios de origem e não tinham condições de estar neles em 1988. O julgamento da tese deverá ser retomado no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 20 de setembro. Até o momento, quatro ministros votaram contra a tese e dois a favor.

(Foto: Mayara Subtil/Revista Cenarium Amazônia)

Se for reconhecida pelos magistrados, a tese do Marco Temporal vai valer para todos os processos de demarcação que forem contestados nos tribunais.

“O Marco Temporal vem afetar o nosso corpo enquanto mulher, os nossos territórios, e nós queremos que essa tese seja enterrada de vez”, declarou a líder indígena Keilyane Wapichana, de Roraima.

Leia mais: Entenda por que mulheres indígenas estão marchando em Brasília
Editado por Jefferson Ramos
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