Seca no Amazonas provoca cancelamento da Feira de Pirarucu Manejado
04 de dezembro de 2023

Da Revista Cenarium Amazônia*
MANAUS (AM) – O manejo sustentável do pirarucu é uma importantíssima ferramenta para a conservação da biodiversidade e para a melhoria da qualidade de vida de populações tradicionais na Amazônia. O manejo, que emprega técnicas do conhecimento tradicional e do método científico, foi responsável por um aumento de 427% na população de pirarucus na região do Médio Solimões, espécie que, anteriormente, estava correndo sério risco de extinção devido à sobrepesca.
O manejo proporciona também a organização da Feira de Pirarucu Manejado, que há 19 anos ocorre na cidade de Tefé. Neste ano, por conta da seca severa que assola o Estado do Amazonas, pela primeira vez, desde sua concepção, não haverá a tradicional feira.

Segundo Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, “os impactos da seca foram muitos e, em especial, para os manejadores de pirarucu, a estiagem dificultou a navegação, atrasou o início da pesca, dificultou o acesso aos ambientes de pesca, aumentou o preço dos alimentos e aumentou o risco de acidentes com embarcações”.
Mesmo com o prazo para pesca do pirarucu sendo prorrogado até dia 20 de dezembro, menos de 30% da cota foi pescada, inviabilizando a promoção da feira.
Este é mais um reflexo do impacto que eventos climáticos extremos como o El Niño, potencializados pelas mudanças climáticas, têm sobre a biodiversidade e as populações tradicionais da Amazônia. O agravamento das mudanças climáticas fará com que situações drásticas como esta se tornem cada vez mais frequentes e intensas.
É fundamental que tomadores de decisão, como os que se reúnem, neste momento, na COP28, comprometam-se a tomar medidas contundentes para frear este processo antes que se torne irreversível.