Seca no Amazonas provoca cancelamento da Feira de Pirarucu Manejado

Homem retira pirarucu de canoa (Bruno Kelly/Reprodução)
Da Revista Cenarium Amazônia*

MANAUS (AM) – O manejo sustentável do pirarucu é uma importantíssima ferramenta para a conservação da biodiversidade e para a melhoria da qualidade de vida de populações tradicionais na Amazônia. O manejo, que emprega técnicas do conhecimento tradicional e do método científico, foi responsável por um aumento de 427% na população de pirarucus na região do Médio Solimões, espécie que, anteriormente, estava correndo sério risco de extinção devido à sobrepesca.

O manejo proporciona também a organização da Feira de Pirarucu Manejado, que há 19 anos ocorre na cidade de Tefé. Neste ano, por conta da seca severa que assola o Estado do Amazonas, pela primeira vez, desde sua concepção, não haverá a tradicional feira.

Pescador carregando o pirarucu, peixe típico da Amazônia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

Segundo Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, “os impactos da seca foram muitos e, em especial, para os manejadores de pirarucu, a estiagem dificultou a navegação, atrasou o início da pesca, dificultou o acesso aos ambientes de pesca, aumentou o preço dos alimentos e aumentou o risco de acidentes com embarcações”.

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Mesmo com o prazo para pesca do pirarucu sendo prorrogado até dia 20 de dezembro, menos de 30% da cota foi pescada, inviabilizando a promoção da feira.

Este é mais um reflexo do impacto que eventos climáticos extremos como o El Niño, potencializados pelas mudanças climáticas, têm sobre a biodiversidade e as populações tradicionais da Amazônia. O agravamento das mudanças climáticas fará com que situações drásticas como esta se tornem cada vez mais frequentes e intensas.

É fundamental que tomadores de decisão, como os que se reúnem, neste momento, na COP28, comprometam-se a tomar medidas contundentes para frear este processo antes que se torne irreversível.

Leia mais: Pesquisadores do Instituto Mamirauá monitoram onças na Amazônia
(*) Com informações do Instituto Mamirauá
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