Servidores do ICMBio são resgatados após barco naufragar no Amapá, afirma Ascema

Servidor do ICMBio (Reprodução)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium*

MANAUS (AM) – Um barco do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) naufragou na última sexta-feira, 8, no Amapá, de acordo com a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do Pecma (Ascema). A organização afirmou, em nota, que três servidores públicos, policiais e tripulação foram resgatados no mar por moradores e pescadores. Ninguém se feriu gravemente.

O naufrágio ocorreu na região do Lago Piratuba, segundo a Ascema. A associação afirmou, ainda, que um dos resgatados necessitou de transporte aéreo, disponibilizado pelo governo do Estado. O acidente expõe a falta de investimento e os riscos aos quais os servidores de órgãos de fiscalização ambientais estão expostos, disse a entidade.

A falta de investimento no serviço público está expondo, mais do que nunca, os servidores públicos ao risco de vida! A escassez de investimentos, apesar de sobrar dinheiro em caixa do governo, resulta em condições de trabalho precárias, sobretudo, na falta de equipamentos básicos de segurança“, destacou.

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Serra elétrica e madeiras provenientes de desmatamento. (Arquivo/Agência Brasil)

Uma das vítimas, cuja identidade foi preservada pela Ascema, relatou os momentos de pânico e a indignação pelo governo não atender as reivindicações dos servidores. Veja o relato abaixo:

Colegas, nesta sexta-feira, eu e outros colegas sofremos um acidente com uma embarcação a serviço do ICMBio, na costa do Amapá. Ninguém se feriu gravemente. O helicóptero do governo estadual nos resgatou no domingo. Porém, esse fato escancara a precariedade das nossas condições de trabalho. Sem comunicação em campo, sem seguro de vida, sem plano de resgate. Sem o mínimo que uma atividade de alto risco em áreas inóspitas exige. Eu estou revoltada por me sentir tão desamparada fazendo um trabalho que considero tão nobre!

Somos cobrados diariamente; somos tratados com desconfiança pela forma como gastamos recursos, e arriscamos nossas vidas para que a gestão, nos mais altos níveis do País, se promova com nossos resultados. E recebemos pouco ou nenhum investimento em retorno.

Em determinado momento, durante o pânico de uma embarcação com problemas no mar revolto, eu aceitei que estava nos meus últimos momentos. Tivemos muita sorte, mas não é da sorte que quero precisar quando deixo minha família para me dedicar às unidades de conservação.

É urgente que as reivindicações dos servidores por melhores condições e reestruturação da carreira sejam atendidas. Não dá para depender da sorte. É preciso ter garantias de que a vida do funcionário público que se dedica, honradamente, ao bem-estar da sociedade e à preservação do meio ambiente seja preservada.

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Paralisação

Desde janeiro deste ano, trabalhadores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ICMBio, Serviço Florestal Brasileiro e Ministério do Meio Ambiente (MMA) realizam apenas trabalho burocrático, deixando “de lado” ações externas, como fiscalizações em Unidades de Conservação e vistorias para concessão de licenças.

A maior reivindicação é a reestruturação da carreira, com equiparação aos salários da Agência Nacional de Águas (ANA), passando do atual valor inicial de R$ 8.817,72 para R$ 15.058,12.

A última reunião da mesa de negociação entre o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e representantes dos servidores ambientais terminou novamente sem acordo, na terça-feira, 5. Segundo a Ascema, a reunião teve saldo de “frustração”, segundo comunicado da entidade. Nela, o ministério apresentou “novamente a mesma contraproposta” da reunião anterior, que não atende as demandas dos servidores.

(*) Com informações da Ascema
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