TCU desmente Pazuello e diz que aplicativo ‘TrateCov’ foi criado para prescrever cloroquina
31 de julho de 2021

Com informações da coluna Chico Alves, do UOL
Análise feita por auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o aplicativo TrateCov, usado em Manaus para auxiliar na identificação de casos de Covid-19, não foi adulterado por hacker, como alegou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Pandemia. Na verdade, o TrateCov foi planejado para funcionar de modo a identificar associação de quaisquer dois sintomas como “Provável diagnóstico de Covid-19”.
A seguir, o dispositivo prescreve automaticamente o chamado tratamento precoce, que comprovadamente não tem eficácia para a doença. Ao ser criticado porque o aplicativo sugeria tratamento ineficaz para quase todos os sintomas relatados pelos usuários, Pazuello tentou justificar a distorção dizendo que houve “roubo dessa plataforma” e contou aos senadores que chegou a registrar o caso na polícia.
“Foi hackeado por um cidadão. Tem uma investigação que chega nesse cidadão, ele foi descoberto, pegou o diagnóstico, alterou dados e colocou na rede pública”, afirmou Pazuello na CPI.
A análise dos especialistas do TCU, no entanto, informa que não houve adulteração e que “a indicação pelo usuário do TrateCov de quaisquer dois sintomas é suficiente para a aplicação web exibir o diagnóstico” de Covid-19.
Os auditores relatam que a informação de que alguém sente, por exemplo, “dor de cabeça” e “náuseas”, ou “lombalgia” e “dor em coluna toráxica”, ou ainda “dor de garganta” e “dor em membros inferiores”, era suficiente para ocorrer a sugestão de prescrição de medicamentos do medicamentos do “denominado tratamento precoce”.
Nesses casos, o TrateCov apresentava sempre sete medicamentos – Disfosfato de Cloroquina, Hidroxicloroquina, Ivermectina, Azitromicina, Doxiciclina, Sulfato de Zinco e Desametazona – e a posologia (dose e frequência de uso) sugerida é sempre a mesma para quatro das medicações – Disfosfato de Cloroquina, Hidroxicloroquina, Azitromicina e Doxiciclina.
“Enquanto a saúde de Manaus estava colapsando, com muitos pacientes precisando de oxigênio, por causa da segunda onda da Covid-19, a senhora Mayra Pinheiro (secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde) e o senhor Pazuello lançavam o TrateCov e transformaram o povo da capital do Amazaonas em objeto de experimento”, acusa o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Pandemia. “Isso é crime de lesa-humanidade, que deve ser levado a julgamento no Tribunal de Haia”. A análise do aplicativo foi solicitada ao TCU pelos integrantes da CPI da Pandemia.