Trabalho por aplicativos cresce 56% na Região Norte e alcança 124 mil pessoas
Por: Fred Santana
17 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – O número de trabalhadores que utilizam plataformas digitais na Região Norte chegou a 124 mil pessoas em 2024, um aumento de mais de 45 mil (mais de 56%) em relação a 2022, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quinta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento, que investigou o trabalho por meio de plataformas digitais em todo o país, mostra que a participação do Norte no total nacional subiu de 6% para 7,5% no período, a maior variação proporcional entre as cinco grandes regiões brasileiras.
Norte lidera o crescimento proporcional
De acordo com a PNAD Contínua, o número de pessoas de 14 anos ou mais ocupadas em plataformas digitais no Norte representava 1,9% da população ocupada regional em 2024, ante 1,2% em 2022 — uma variação de 0,7 ponto percentual, a mais acentuada entre todas as regiões brasileiras.
Esse avanço reflete um aumento expressivo do trabalho intermediado por aplicativos de transporte, entregas e serviços na Amazônia, sobretudo em estados como Amazonas, Pará e Rondônia, onde a expansão do setor de transporte por aplicativo tem sido perceptível nos centros urbanos.
Ainda segundo o IBGE, 85 mil trabalhadores atuavam em aplicativos de transporte particular de passageiros, 29 mil em aplicativos de entrega de comida e produtos, 15 mil com aplicativos de táxi, e 10 mil com plataformas de serviços gerais ou profissionais na Região Norte.
Menor renda e maior informalidade marcam o trabalho digital no Norte
Embora tenha apresentado o maior crescimento proporcional, a Região Norte registrou o menor rendimento médio mensal real entre os trabalhadores plataformizados do país: R$ 2.273 em 2024, valor que corresponde a 76% da média nacional (R$ 2.996). O rendimento-hora médio foi de R$ 12,7, também o mais baixo entre as regiões, ficando atrás do Sul (R$ 18,5) e do Centro-Oeste (R$ 18,3).
A informalidade continua predominante: 84,9% dos trabalhadores plataformizados no Norte atuavam sem qualquer tipo de registro. Além disso, apenas 15,4% contribuíam para a Previdência Social, o menor percentual do país. No total, a região tinha 4,3 milhões de pessoas na informalidade, das quais 105 mil trabalhavam em plataformas digitais.

Brasil ultrapassa 1,7 milhão de trabalhadores por aplicativos
Em todo o Brasil, o número de pessoas que exerceram seu trabalho principal por meio de plataformas digitais alcançou 1,7 milhão em 2024, um aumento de 25,4% em relação a 2022. A Região Sudeste manteve a maior concentração, com 888 mil trabalhadores (53,7% do total), seguida do Nordeste (293 mil), Sul (200 mil), Centro-Oeste (149 mil) e Norte (124 mil).
Entre os tipos de serviço, os aplicativos de transporte particular de passageiros concentraram a maioria dos trabalhadores plataformizados (878 mil pessoas), seguidos por aplicativos de entrega de produtos e alimentos (485 mil), aplicativos de serviços gerais e profissionais (294 mil) e aplicativos de táxi (228 mil).
O IBGE destacou que o módulo sobre trabalho por plataformas digitais da PNAD Contínua foi elaborado em parceria com a Unicamp e o Ministério Público do Trabalho (MPT), como parte de um esforço para compreender o impacto da economia digital nas relações de trabalho e nas condições de renda e formalização em todo o país.