Três a cada quatro mulheres no Brasil são vítimas de violências ao se deslocarem

Violência em deslocamentos afeta três em cada quatro mulheres no Brasil. (Foto: Getty Images)
Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A pesquisa Percepções e Experiências das Mulheres quando se Deslocam pelas Cidades, realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, em parceria com a Uber, coloca em números aquilo que muitas mulheres já percebem em seu cotidiano: que o simples fato de caminhar, se locomover, já é um fator de risco. De acordo com o levantamento, 74% das mulheres passaram por violência em deslocamentos nas cidades.

Recentemente, repercutiu nas redes sociais um vídeo em que um motorista de aplicativo assedia uma passageira, mostrando seu órgão sexual durante a viagem, em São Paulo. Também na capital paulista, no final de outubro, uma mulher foi salva de uma tentativa de estupro por passageiros e o motorista de um ônibus. Ela estava caminhando em direção ao trabalho, quando um homem a abordou com um objeto cortante.

Essas mulheres fazem parte de uma triste estatística: três em cada quatro mulheres já sofreram violência em deslocamento no Brasil. As mulheres que andam a pé são as mais vulneráveis, de acordo com a pesquisa.

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Vídeo gravado pela vítima mostra momento em que homem expôs órgão sexual para passageira em São Paulo (Foto: Reprodução)

As cantadas e olhares insistentes são as situações de violência mais vivenciadas, sendo relatadas por 60% das mulheres. O sequestro-relâmpago foi mencionado por 32%, a importunação sexual por 27%, a discriminação por 17% e o racismo por 14%. Passaram por agressão física 12%, e estupro, 7%.

Os casos de violência ocorrem principalmente nos deslocamentos a pé. Relataram estar se deslocando dessa forma 55% das que sofreram sequestro-relâmpago, 56% das que sofreram racismo e 50% das que foram estupradas. 

No último dia 23 de outubro, passageiros de um ônibus, em São Paulo, impediram que um homem cometesse um estupro contra uma mulher a caminho do trabalho (Foto: Reprodução)

Nos ônibus, 56% disseram que se deslocavam dessa forma quando passaram por importunação sexual e 28% quando foram sequestradas. No caso dos estupros, 33% das mulheres sofreram esse tipo de situação ao se mover de carro particular.

O transporte coletivo é um dos lugares onde situações de violência contra a mulher mais ocorrem (Foto: Eduardo Valente)

A pesquisa mostra ainda que o medo é uma constante entre as mulheres, que precisam adotar medidas para tentar chegar aos seus destinos em segurança.

Medidas de segurança

Para evitar a violência, 94% das mulheres disseram que evitam passar por locais escuros, 89% tentam não sair à noite e 86% pedem para ser esperadas em casa ou que aguardem notícias ao chegar ao destino.

O medo ao se deslocar é citado por 97% das mulheres, que temem que situações de violência aconteçam ou se repitam. Mesmo assim, a maioria (55%) das mulheres sai de casa ao menos cinco vezes por semana, sendo que 34% vão às ruas todos os dias.

Para elaboração da pesquisa, foram ouvidas 1,6 mil mulheres, maiores de 18 anos, em todo o país. As entrevistas foram realizadas nos meses de setembro e outubro de 2023.

Ilustração Sofia Costa / Instituto Patrícia Galvão


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*Com informações da Agência Brasil

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