Vacina russa contra Covid-19 ainda precisa comprovar eficácia em estudos

Atualmente, cerca de 165 vacinas contra Covid-19 estão sendo pesquisadas em todo mundo. (Vincent Kalut/Getty Images)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – A vacina contra o novo Coronavírus pode começar a ser distribuída no Brasil inicialmente pelo Estado do Paraná, caso a parceria entre o governo estadual e o país Russo, anunciada nesta terça-feira, 11, se confirme. A previsão de distribuição da vacina Sputnik V, só deverá ocorrer em 2021, com aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) será responsável pelas etapas de pesquisa até a distribuição das doses da vacina. E de acordo com informações apuradas pelo G1, a parceria será efetivada pelo governador Ratinho Júnior (PSD) e o embaixador da Rússia, ainda nesta quarta-feira.

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Atualmente, cerca de 165 vacinas contra a Covid-19 estão sendo pesquisadas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, cinco dessas imunizações estão na fase final de testes em humanos (fase 3). Entre elas, duas de origem chinesa e a terceira britânica.

Ainda segundo informações do governo paranaense, o passo seguinte à assinatura do acordo é o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa, para que a agência permita a realização dos procedimentos para os testes.

Questionamentos

Nas redes sociais, a vacina tem sua eficácia questionada. Contudo, de acordo com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em vídeo divulgado na internet, a vacina desenvolvida para o Covid-19 recebeu aprovação regulamentar, após menos de dois meses de testes em humanos.  Putin ainda declarou que a própria filha já teria sido imunizada.

Críticas

No twitter, o médico e advogado da Universidade de São Paulo (USP) Daniel Dourado, desencoraja a distribuição da vacina antes da realização de novos testes que comprovem a eficácia da Sputnik V.

“Até que haja o registro pela Anvisa, a ‘vacina russa’ pode ser usada no Brasil apenas para fins de pesquisa”, declarou.

https://twitter.com/dadourado/status/1293255427665416193

Ainda no Twitter, o biólogo da USP, Átila Lamarino explica que a vacina, se usada de forma errada, poderá facilitar a entrada do vírus no corpo.

“Que mal uma vacina que não funciona pode fazer? Vacinas erradas podem piorar a infecção que querem impedir”, afirma.

OMS

Após o anúncio do presidente russo, a OMS declarou o País “não precisa de aprovação” para registrar vacina. No entanto, precisará ter acesso aos dados da pesquisa para avaliar eficácia e segurança da imunização para aprová-la.

Conforme informações do Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia Gameleyado laboratório responsável pela imunização, o Brasil participará da fase três de estudo clínico.

Anvisa

Por meio de nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que o laboratório russo responsável pelo desenvolvimento da vacina não apresentou nenhum pedido de análise desta vacina pela agência até o momento.

“A análise da Anvisa começa a partir da solicitação do laboratório farmacêutico. Desta forma, não é possível para a Agência fazer qualquer avaliação ou pronunciamento em relação a segurança e eficácia deste produto antes que tenha acesso a dados oficiais apresentados pelo laboratório”, diz trecho.

A nota também afirma que “não é possível fazer qualquer afirmação sobre expectativa de aprovação e de tempo antes que haja uma solicitação formal à Anvisa desta vacina específica”, e que a instituição tem a “função de avaliar os pedidos de registro e autorizações de estudos apresentados pelos laboratórios farmacêuticos que tem interesse em colocar seus medicamentos e vacinas no Brasil. A avaliação da Anvisa tem foco na segurança e eficácia que são os requisitos fundamentais para qualquer medicamento ou vacina”, finaliza.

(*) Marcele Fernandes, sob supervisão de Carolina Givoni

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