É a comprovação de que um colapso do principal modelo econômico do Amazonas não afetaria somente os trabalhadores do Polo Industrial de Manaus. O problema chegaria bem além da capital.
É o caso do agricultor Antônio Carlos, que também é presidente da Cooperativa Agrofrutífera dos Produtores de Urucará, no interior do Amazonas. Os produtores associados cultivam e vendem o guaraná — fruta nativa da Amazônia e principal matéria-prima de refrigerantes — para indústrias que produzem a bebida não alcóolica no Estado, como a Recofarma Indústria Da Amazônia LTDA, a fábrica de concentrados da Coca-Cola no Amazonas, e a Ambev.
“São 63 cooperados oficialmente, e em média 300 pessoas que são beneficiadas diretamente. Indiretamente é quase o dobro porque tem o pessoal que trabalha com os produtores, faz transporte e serviços de beneficiamento na colheita”, explicou o agricultor à CENARIUM.
Colaboradores que trabalham com Antônio Carlos na colheita. (Arquivo Pessoal)
Preocupação no interior
A cooperativa também faz outros cultivos, como de acerola, açaí, banana, cupuaçu e até cumaru, mas o “carro-chefe” é o guaraná. O lucro médio das safras do fruto é de R$ 2 milhões e a preocupação é o número de famílias que podem perder a principal fonte de renda caso as empresas saiam do Estado.
“Em 2016, quando houve só uma redução, já teve impacto. Diminuíram [as empresas] 50% no volume de compra, ficou instável… Isso é preocupante porque os produtores investiram na produção de guaraná e, se não tiver mercado, tem muitas famílias que ficarão sem renda”, disse Antônio Carlos.
Antônio Carlos (de vermelho) em uma área produtiva de guaraná. (Arquivo Pessoal)
Instabilidade na economia
Um operador de decantador, que preferiu não se identificar, e que trabalha em uma empresa de refino de açúcar, extrato de guaraná e álcool no interior do Amazonas também falou à CENARIUM sobre a preocupação com a incerteza do cenário econômico. Casado e pai de cinco filhos, ele trabalha há quase 10 anos na empresa, que também fornece produtos para a Recofarma.
“Tenho um filho mais velho que trabalha na mesma empresa que eu. Teve um outra vez em que o governo reduziu o IPI e eles [a empresa] demitiram muita gente, mais ou menos 400 pessoas. Tenho uma preocupação porque está muito ruim de trabalho, e essa é a única indústria, no Estado, que tem a minha função. Toda a minha família teria que mudar de Estado”, disse ele.
“Até agora a empresa ainda não se manifestou. Da outra vez que aconteceu, nós fizemos uma manifestação com mais ou menos 300 pessoas. Não sei como vai ficar, talvez segunda-feira digam algo. Fica uma instabilidade. A situação é preocupante”, externou o operador.
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