Fábio Leite – Da Revista Cenarium
MANAUS – Os interesses de Elon Musk vão além dos investimentos anunciados, recentemente, pelo bilionário, em visita realizada ao Brasil, na última semana. De acordo com o professor da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos (EUA), David Nemer, o empresário tem interesse no lítio existente no País, principal metal para produção de baterias de íons de lítio que movem carros elétricos, satélites, dispositivos portáteis, entre outros.
A corrida pela liderança na venda dos carros elétricos é um dos motivos para que o empresário sul-africano tenha interesse em selar acordo com o Brasil. Atualmente, há 95 mil toneladas de lítio a serem exploradas no País, fazendo do Brasil a sétima reserva de metal no mundo. O potencial total do elemento químico pode chegar a 470 mil toneladas, de acordo com dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Nas redes sociais, o professor da Universidade da Virgínia denunciou o interesse de Elon Musk no lítio brasileiro, ao comentar postagem do bilionário celebrando o acordo com o Brasil. “Não, Elon Musk não está animado por estar no Brasil para o lançamento da Starlink, ele está animado porque sabe que o Brasil tem 8% das reservas mundiais de lítio – cerca de 95 mil toneladas, tornando o País a sétima maior reserva de lítio conhecida no mundo”, destacou o professor.
Entusiasmo de Musk
Em postagem nas redes sociais, no mês de abril, o bilionário já mostrava entusiasmo com o lítio. As baterias de íons de lítio são poderosas em relação à densidade energética. “O preço do lítio atingiu níveis insanos! A Tesla pode, realmente, ter que entrar na mineração e refino, em escala, diretamente, a menos que os custos melhorem. Não há escassez do elemento em si, já que o lítio está em quase todos os lugares da terra, mas o ritmo de extração é lento”, disse. Veja o tweet em inglês:
O empresário esteve no País, no último dia 20, para selar acordo com o governo federal que promete fazer monitoramento para a preservação da floresta Amazônica – o Brasil já conta com esse serviço –, além de oferecer conexão por internet via satélite para mais de 19 mil escolas nas áreas rurais do País. O projeto envolve a Starlink, rede de satélites da empresa SpaceX, da qual Elon Musk é dono.
A ex-senadora e pré-candidata a deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB) comentou, nas redes sociais, sobre o acordo firmado entre a empresa do bilionário e o governo do Brasil. “Mais uma vez, Bolsonaro entrega nosso País de mãos beijadas a quem só tem interesse pessoais na exploração de nossas riquezas naturais”, indagou.
Além dos carros
O biólogo e doutorando do programa de biologia do Inpa Lucas Ferrante se mostra contrário ao acordo feito pelo governo federal e afirma que “trocar a Amazônia é um erro muito grande”. E, que o interesse de Elon Musk no lítio brasileiro vai além da produção de baterias para carros elétricos. “Precisamos deixar claro que todos os negócios de Elon dependem desses materiais raros para produção de tecnologia, como as baterias para os carros elétricos, satélites, componentes para veículo espacial e outros”.
“Embora seja uma necessidade global, a expansão de carros elétricos, para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, controlando as mudanças climáticas, precisamos deixar claro que trocar a Amazônia por conta da exploração desse minério para diminuir as emissões dos carros é um erro muito grande, pois as emissões geradas pela degradação da floresta, por conta da mineração, são muito maiores, não gerando um efeito compensador”, finalizou Ferrante.
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