Adiamento das eleições municipais divide opiniões de parlamentares do Amazonas

As urnas estão nos municípios, sendo carregadas, ou já prontas para domingo (Divulgação)

Thiago Fernando – Da Revista Cenarium

A discussão sobre o adiamento ou não das eleições deste ano ganhou mais um capítulo nesta terça-feira, 17. Após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, se reunir com autoridades da Saúde e representantes do Senado e da Câmara Federal, para discutir o assunto, uma proposta com novas datas deve ser enviada ao Congresso nos próximos dias. Antes mesmo da votação, o novo calendário causa divisão entre parlamentares e especialistas políticos do Amazonas.

Durante a reunião virtual realizada com autoridades e especialistas em saúde, o ministro Barroso sugeriu que as eleições municipais sejam realizadas na janela do dia 15 de novembro (primeiro turno) e 20 de dezembro (segundo turno).  

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Presente na reunião como líder do partido MDB, o senador Eduardo Braga afirmou ser favorável para a realização dos pleitos nos dias 15 de novembro e 29 de novembro.

“Seria 15 de novembro o primeiro turno, daqui a 20 semanas, e 29 de novembro o segundo turno para que nós possamos preservar a responsabilidade e a transparência da prestação de contas do dinheiro público e, ao mesmo tempo, garantir que haja uma transição segura entre a eleição dos 92 municípios que terão segundo turno e a posse dos eleitos. Portanto, garantindo governança e governabilidade aos eleitos”, explicou Braga.

Outro representante do Amazonas no Congresso Nacional, o deputado federal Capitão Alberto Neto (Republicanos), também apoiou a necessidade de realizar o adiamento para o mês de novembro. Todavia, o parlamentar enfatizou a necessidade dos governos municipais e Federal estabelecerem procedimentos que garantam a segurança da população nas zonas eleitorais.

“Sou favorável ao adiamento para que o Brasil se prepare melhor. É necessário criar um procedimento seguro para que o povo possa exercer o seu papel democrático, escolher o seu direito civil, sem correr nenhum risco de vida”, alertou o deputado.

Riscos

Apesar do discurso de Barroso ganhar força em Brasília, cientistas políticos e profissionais da saúde alertam sobre os riscos da realização do pleito ainda em 2020. Durante a reunião, o epidemiologista David Uip pontuou que o Brasil é um país continental e, por essa razão, a doença se manifesta de forma heterogênea dependendo de cada região.

Assim, medidas como horários estendidos para a votação, definição de horários específicos para população vulnerável, treinamento e simulação sobre medidas de higiene para todos que vão trabalhar e aumento dos locais de votação para evitar aglomerações foram pontuadas.

Para o cientista político Helso do Carmo, as últimas declarações do ministro Barroso praticamente sacramentam a realização das eleições ainda neste ano. Todavia, para ele, caso a segurança da população fosse realmente levada em consideração, o pleito seria realizado no começo do ano passado.

“Queria que as pessoas pensassem mais em vidas e menos nos prazos. Acredito que poderia ser como as Olimpíadas, adiar para junho do ano que vem, mas as pessoas estão preocupadas com prazos. Todos os países desenvolvidos já adiaram as suas eleições. Não sou favorável para unificar mandatos. Mas não vejo problemas se colocasse para maio ou junho do ano que vem. Seria uma eleição com menos insegurança”, concluiu.

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