Adolescente é apreendido por ameaça de massacre em escola de RR

Mais de 860 alunos estudam na Escola Estadual Olavo Brasil Filho, local ameaçado de massacre por adolescente (Reprodução/Secom-RR)
Bianca Diniz – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Após o ataque causado por um adolescente na escola estadual Thomázia Montoro, em São Paulo, no dia 27 de março, que deixou uma professora morta e quatro pessoas feridas, um caso similar estava planejado para ocorrer em Boa Vista, Roraima. Um adolescente ameaçou realizar um massacre em uma escola estadual, na capital roraimense. A Polícia Civil de Roraima (PC-RR) apreendeu o adolescente nesta terça-feira, 4.

De acordo com as investigações, o adolescente criou perfis, no Instagram, com os users @assassinodoobf e @dia_do_amor_esta_ai, dias após o ataque ocorrido em São Paulo, e publicou ameaças contra alunos da escola estadual Olavo Brasil Filho, localizada no bairro Jóquei Clube, Zona Oeste de Boa Vista. Na bio do perfil, o menor infrator publicou: “Sou tarde e de manhã. Pai do Massacre”. Em outra conta, o adolescente publicou no perfil: “Seus dias estão chegando, se preparem para os próximos dias”.

Capturas de tela dos perfis criados pelo adolescente apreendido (Reprodução/Redes Sociais)

Ainda segundo a polícia, o adolescente enviou mensagens com ameaças para um grupo de alunos. Os prints das conversas foram disseminados em outros grupos de aplicativos de mensagens, gerando preocupação. Os gestores responsáveis pela escola levaram o material à Polícia Civil, que iniciou a investigação.

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Uma das mensagens enviadas pelo suspeito citava que ele faria os alunos “pagar[em] pelo que lhe fizeram”, citando algumas turmas da escola e nomes de estudantes. O adolescente chegou a publicar um pedido de desculpas, aos seus pais, afirmando que não desistiria das suas intenções.

Tragédia evitada

Segundo a Delegada Geral Adjunta da Polícia Civil de Roraima (PC-RR), Darlinda de Moura Viana, a denúncia impediu algo pior. “Os gestores fizeram um novo contato com a Polícia Civil, nesse domingo, 2, preocupados com as ameaças. Na manhã de segunda-feira, 3, os agentes estiveram na escola e identificaram o aluno que fez as ameaças, e (realizamos) todos os procedimentos”, contou à imprensa.

Thomázia Montoro

No dia 27 de março, uma tragédia abalou a Escola Estadual Thomázia Montoro, em São Paulo. Um estudante de 13 anos matou a professora, que tinha 71 anos, e feriu outras quatro pessoas. Diante do cenário, as autoridades investigam as motivações por trás do ato brutal.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), após 48 horas do atentado foram realizados cerca de sete boletins de ocorrência com informações sobre adolescentes que pretendiam cometer atos semelhantes. 

O secretário da SSP-SP, Guilherme Derrite, ressaltou a necessidade de alerta para a situação. “Nós estamos trabalhando para identificar e coibir possíveis casos, porque esse é o papel do Estado. Entretanto, peço que cada um reveja a sua responsabilidade enquanto sociedade. Que a imprensa não reproduza, exaustivamente, as imagens das agressões e que a população não compartilhe em redes sociais”, declarou.

Pesquisas sobre

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) divulgaram levantamento que aponta que, desde 2002, alunos e ex-alunos planejaram 22 ataques armados em escolas, no Brasil, resultando em 36 mortes.

De acordo com o pesquisador e professor de Jornalismo da Universidade de São Paulo (USP), Rodrigo Ratier, o comportamento do adolescente, na capital paulistana, evidenciou influências de outros casos similares. “O próprio atirador se posicionava, na internet, utilizando um apelido que, na realidade, era o sobrenome de um dos autores do massacre da Escola Raul Brasil, em Suzano. No próprio caso dele, a gente tem algumas evidências para achar que possa ter acontecido esse efeito contágio”.

O adolescente utilizou o sobrenome ‘Taucci’, o mesmo de um dos autores do ataque de Suzano, que ocorreu em 2019; ele também usou uma máscara símbolo de movimentos supremacistas nos Estados Unidos.

Em nota, Tribunal de Justiça de SP (TJSP) informou que o caso deve seguir em segredo de Justiça.

“Foi determinada a internação provisória do adolescente pelo prazo máximo de 45 dias e marcada audiência de apresentação para o dia 5 de abril, para que ele seja ouvido na presença de seus representantes legais. O caso corre sob segredo de Justiça, por determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente, por isso, não é possível fornecer mais informações”.

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