Alemanha anuncia envio de armas à Ucrânia e sinaliza apoio a ‘limites’ no acesso da Rússia ao sistema Swift

Medida sinaliza mudança na política de Berlim de não fornecer armamentos a regiões de conflitos e vem após série de críticas, inclusive, de Kiev Foto: Maksim Levin / Reuters

Com informações do O Globo

BERLIM — O governo da Alemanha anunciou que vai enviar mil mísseis antitanques e 500 sistemas antiaéreos portáteis Stinger para a Ucrânia, para apoiar o país em meio ao ataque das forças russas, iniciada na quinta-feira, 24.

“A invasão russa marca um ponto de virada. É nosso dever fazer o nosso melhor para apoiar a Ucrânia na sua autodefesa contra o Exército invasor de Putin”, escreveu o chanceler alemão, Olaf Scholz, no Twitter. Em comunicado, o governo afirmou que a entrega será feita “assim que possível”.

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O anúncio foi comemorado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

“A Alemanha acaba de anunciar o envio de lançadores de granada antitanques e mísseis Stinger para a Ucrânia. Continue assim, chanceler Olaf Scholz. Coalizão contra a guerra em ação”, escreveu no Twitter.

A decisão marca uma mudança em uma política em vigor há algumas décadas, em Berlim, de não exportar armamentos, mesmo defensivos, para regiões de conflito. Mesmo países que queiram vender equipamentos com tecnologia alemã precisam do aval da Alemanha para concluir os negócios.

Essa postura vinha sendo criticada por vários países europeus, e até ironizada por políticos ucranianos: em janeiro, a oferta alemã de fornecer cinco mil capacetes foi chamada de “piada” pelo prefeito de Kiev, Vitali Klitschko. Na ocasião, a Alemanha também entregou equipamentos para a montagem de um hospital de campanha.

Além do envio próprio das armas, Berlim também deu sinal verde ao envio, por parte da Holanda, de 400 sistemas de RPG (granada lançada por foguetee 50 sistemas antitanques Panzerfaust-3. O país pode aprovar, em breve, um pedido semelhante feito pela Estônia sobre o repasse de equipamentos de artilharia, datados dos tempos da antiga Alemanha Oriental.

Antes da aprovação, o embaixador ucraniano, em Berlim, Andriy Melnyk, havia feito um apelo ao governo alemão.

— Caramba, é finalmente hora de nos ajudar — disse à Reuters, em entrevista neste sábado, 26 — Precisamos de defesa aérea e precisamos de uma zona de exclusão aérea.

Também neste sábado, lideranças da União Europeia sinalizaram que podem facilitar o envio de ajuda militar à Ucrânia. O tema será discutido em uma reunião extraordinária de chanceleres do bloco, neste domingo, 27.

“Eu vou apresentar um pacote de assistência de emergência para as Forças Armadas ucranianas, de forma a ajudá-las nessa luta heroica”, disse, no Twitter, o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

No campo diplomático, a Alemanha sugeriu, ainda, que poderá mudar de posição sobre impor limites ao acesso da Rússia ao sistema internacional de pagamentos Swift. Em comunicado, a ministra das Relações Exteriores, Annnalena Baerbock, e o ministro das Finanças, Robert Habeck, afirmaram que podem aceitar medidas “focalizadas e funcionais”.

“Estamos trabalhando para limitar os danos colaterais de uma exclusão [da Rússia] do sistema Swift, para que isso afete as pessoas correspondentes”, disseram, em comunicado. “O que precisamos é de uma limitação focada e funcional do Swift.”

Vários países como Polônia, Canadá e a própria Ucrânia defendem a exclusão da Rússia do sistema, uma rede que permite a realização de transações interbancárias internacionais de forma rápida e segura. No caso russo, há mais de três mil bancos e instituições conectados ao sistema, e um eventual bloqueio teria efeitos imediatos também a parceiros comerciais da Rússia, como a própria Alemanha, que usa o Swift para pagar, por exemplo, o gás comprado da Rússia.

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