‘Ali está a imagem dele, mas os exemplos aqui estão vivos’, diz devoto durante cortejo para São Pedro no Rio Amazonas

Procissão voltou ao terminal pesqueiro da Panair, onde os fiéis seguiram para missa solene direto na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Priscilla Peixoto/CENARIUM)
Priscilla Peixoto e Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Interrompida por dois anos, devido a pandemia de Covid-19, a tradicional procissão em celebração a São Pedro, padroeiro dos pescadores, voltou a ser realizada na tarde desta quarta-feira, 29, com uma quantidade menor de barcos, em relação as últimas edições. Iniciada pela Colônia dos Pescadores no bairro Educandos, há 73 anos, o cortejo percorreu a Orla do Rio Negro até a Ponte Jornalista Phelippe Daou (conhecida como Ponte Rio Negro).

A baixa presença de barcos durante o cortejo pode ter ligação com a alta no valor do diesel. A Petrobras anunciou aumento de 14% no combustível, o que reflete, diretamente, na locomoção fluvial. É o que acredita o senhor Francisco Cunha, 53 anos, que participa há mais de 10 anos da procissão. “Tem pouco barco, nos outros anos tinham mais, mas o diesel aumentou, né?!“, disse.

Poucos barcos participaram do cortejo no AM (Priscilla Peixoto/CENARIUM)

Neste ano, o tema faz alusão aos momentos de dura violência na cidade de Manaus, e convida a uma reflexão e cultura da paz. “São Pedro teve uma reação violenta quando prenderam Jesus, ele tirou a espada e cortou a orelha de Malco e Jesus pediu que ele colocasse a espada na bainha. Nós recordamos esse fato e de que depois São Pedro foi um homem da paz, um homem da esperança. Nós queremos recordar isso durante a nossa procissão“, disse o arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da Amazônia brasileira, dom Leonardo Steiner. “O nosso povo não é violento, a violência tem vindo de fora, através da ganância, através da depredação, da destruição“, completou.

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“Gosto dessa motivação, dessa alegria, dessa partilha, entendeu?! Do movimento do rio, de curtir a natureza e de partilhar também junto com o povo igual São Pedro fazia quando acompanhava Jesus e incentivava os outros. Nas orações, sempre peço um coração igual o dele. Ali está a imagem dele, mas os exemplos aqui estão vivos”, diz Joanilson Sampaio, 64, devoto de São Pedro que acompanha a procissão há 3 anos.

Arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da Amazônia brasileira, dom Leonardo Steiner (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

A vice-presidente da Federação Nossa Senhora da Amazônia, Ana Ruth Fernandes, acompanhou a procissão e falou à CENARIUM da importância de conservar as raízes culturais e espirituais. “O mundo, hoje, está com as pessoas se importando mais com a aparência do que com a espiritualidade. Eu acho que a gente tem que se empenhar cada vez mais em chegar a Deus, ter confiança nele e ter fé, é aí que conseguimos ter confiança melhor, é de dentro para fora”, conta.

Após a procissão, os fiéis retornaram para o terminal pesqueiro da Panair e caminharam até a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizada no bairro Educandos, Zona Oeste de Manaus, para acompanhar a missa solene transmitida ao vivo pelo perfil da Arquidiocese de Manaus no Facebook.

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