Amazônia Legal tem menos de 30% da população vacinada contra Covid-19

Dos nove Estados que compõem a região Amazônica o Amazonas é o que mais aplicou a segunda dose da vacina. (Reprodução/Prefeitura de Vilhena - RO)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os nove Estados da Amazônia Legal ainda não atingiram 30% da população vacinada contra a Covid-19. Quando se trata da segunda dose, os números são ainda mais inferiores, pois somente o Amazonas ultrapassou 15% da população imunizada com as duas doses. O levantamento feito nesta terça-feira, 8, se baseou nos números divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde e o Consórcio dos Veículos de Imprensa.

As estatísticas mostram que Maranhão, Amazonas e Pará são os três Estados que mais aplicaram a primeira dose da vacina da Covid-19, mas o número está abaixo dos 30%. Já Rondônia é o que menos aplicou a primeira dose. De acordo com epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Jesem Orellana, a vacinação ainda é considerada lenta e pode contribuir para retomada do contágio na Amazônia.

“Há uma diferença regional em relação ao alcance desses esquemas de vacinação para mais e para menos, por conta do histórico tratamento desigual que as autoridades sanitárias dão para as regiões Norte e Nordeste. Então, esse é o resultado de certa forma que se alinha a outros acontecimentos da história da saúde pública no Brasil”, destacou Orellana.

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Primeira dose

Os números são com bases em dados fornecidos pelas secretarias estaduais e consórcio de imprensa.

Segunda dose

Quando se trata da aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19, os números divulgados pelas secretarias mostram que o Amazonas, Roraima e Pará, foram os que mais aplicaram as doses. Já o Amapá e Acre são os Estados que menos aplicaram doses, com 10,2% e 9,6%, respectivamente.

Nesse sentido, o epidemiologista faz algumas ponderações, já que a baixa cobertura vacinal vem no momento complicado para o País que vê a retomada dos contágios e mortes no Brasil e a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva acima dos 90%, e outros dez com as taxas de ocupação de UTI superior aos 80%.

Os números são com bases em dados fornecidos pelas secretarias estaduais e consórcio de imprensa.

“Essas baixas coberturas vacinais vêm no momento absolutamente complicado que é o momento de que nós temos várias capitais brasileiras, vários Estados brasileiros com taxas de ocupação de leitos de UTI acima dos 90%, uns dez e oito com taxas de ocupação de leitos de UTI superior aos 80% com clara retomada dos contágios de mortalidade incluindo as capitais Cuiabá e Goiânia, que vão receber a Copa América, serão subsedes dos jogos”, salientou o epidemiologista.

Imunizantes

Atualmente, a população brasileira está sendo imunizada por três tipos de vacina, são elas: Pfizer, Astrazaneca/Oxford e Coronavac.

Coronavac

A vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan foi a primeira aprovada para uso emergencial no País e utiliza o vírus SARS-CoV-2 inativado, ou seja, o “vírus morto” para gerar resposta imunológica no organismo. A técnica já é conhecida na ciência, sendo a mesma utilizada para a produção de vacinas contra a gripe e a poliomielite, por exemplo.

Por estar inativado – são utilizadas apenas partes do vírus que permitem ao sistema imune reconhecê-lo – não há possibilidade de que a vacina resulte no desenvolvimento da doença por parte de quem a recebe.

O processo de produção do imunizante consiste, portanto, em inativar o novo coronavírus por meio da adição de substâncias químicas, impossibilitando-o de se multiplicar e, assim, ficando incapaz de infectar as células humanas.

Assim que a vacina é aplicada, células de defesa do organismo reagem às partes do novo coronavírus dando início à produção de anticorpos. O esquema de vacinação da Coronavac é de duas doses com diferença de 14 a 28 dias entre elas.

AstraZeneca/Oxford

A Covishield é a vacina desenvolvida pelo laboratório farmacêutico AstraZeneca em parceria com a universidade britânica de Oxford. No Brasil, ela é produzida pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).

A técnica utilizada para a criação do imunizante da AstraZeneca faz uso do chamado vetor viral. Nos laboratórios, os cientistas utilizam o adenovírus que infecta chimpanzés causando resfriados no animal. O adenovírus é manipulado geneticamente para inserir o gene da proteína “Spike” (proteína “S”) do Sars-CoV-2. Os adenovírus que compõem a vacina não podem se replicar na pessoa vacinada (vírus não replicante), mas são reconhecidos por nossas células, que desencadeiam uma resposta imunológica específica para a proteína S, gerando anticorpos e outras células (células T) contra o novo coronavírus. O esquema vacinal prevê a aplicação de duas doses, com diferença de 4 a 12 semanas entre elas.

A tecnologia utilizada é nova, sendo a primeira vez em que se usa o adenovírus de chimpanzé para a sua produção. Anteriormente, vacinas desenvolvidas com o adenovírus humano já foram desenvolvidas contra o ebola.

Diferentemente da Coronavac, a vacina da AstraZeneca utiliza um vírus enfraquecido, mas ainda vivo. Portanto, aconselha-se que pessoas com imunodeficiência devem consultar seu médico antes de receber as duas doses.

PFizer

A Comirnaty, como é chamada a vacina desenvolvida pela farmacêutica Pfizer, é baseada no RNA mensageiro, ou mRNA, que ajuda o organismo a gerar a imunidade contra o coronavírus, especificamente o vírus SARS-CoV-2. A ideia é que o mRNA sintético dê as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do vírus.

Uma vez produzidas no organismo, essas proteínas (ou antígenos) estimulam a resposta do sistema imune resultando, assim, potencialmente em proteção para o indivíduo que recebeu a vacina. Conforme a empresa, a técnica, na qual apenas um pedaço de material genético é usado em vez de todo o vírus, nunca havia sido feita antes.

Conforme a farmacêutica, a eficácia máxima da vacina é atingida após a aplicação de duas doses, com um intervalo de 21 dias entre ambas.

O imunizante da Pfizer exige um armazenamento diferenciado. A vacina pode ser armazenada a temperatura – 90º C a – 60º C por até 6 meses, entre – 25º C a – 15º C por um período único de duas semanas e em temperatura de refrigerador entre 2º C a 8º C por cinco dias. A companhia desenvolveu uma embalagem para armazenamento na temperatura necessária a base de gelo seco. Nesta embalagem, os frascos de vacina podem ser mantidos por até 30 dias, desde que seja feita a manutenção do gelo seco.

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